Meyer, Dagmar E. Estermann. (2000) Identidades
Traduzidas: Cultura e
docência teuto-brasileiro-evangélica no Rio Grande
do Sul. Santa Cruz do Sul: EDUNISC
(co-edição: Editora Sinodal).
242
páginas
R$ 27 ISBN
85-85869-51-8
Luís Armando
Gandin
Universidade Federal do
Rio Grande do Sul
21 octubre 2001
Resumo
O presente
livro discute representações de cultura, de escola
e de docência que estiveram envolvidas com a
produção, reprodução e/ou
reformulação de uma identidade docente
teuto-brasileiro-evangélica, no Rio Grande do Sul, nas
primeiras décadas deste século.
A
discussão fundamenta-se nos campos dos Estudos Feministas
e dos Estudos Culturais, especificamente nas vertentes que
têm proposto uma aproximação crítica
com a perspectiva pós-estruturalista. Os contornos mais
amplos da investigação foram definidos com base em
dois pressupostos: um primeiro com o qual se afirma que a
História é um campo de saber envolvido com a
produção dos fatos e acontecimentos que
supostamente descreve e/ou analisa, e um segundo que
propõe conceber a Cultura como um campo de luta e
contestação em que se produzem tanto os sentidos
quanto os sujeitos que constituem os diferentes grupos sociais,
em suas especificidades.
A
problematização e discussão das
representações analisadas demonstram que
nacionalidade alemã e Religião Protestante
inscreveram nesta identidade docente uma de suas marcas
constitutivas - o gênero masculino. Esta marca de
gênero foi reforçada, no Rio Grande do Sul, pela
intensidade que a marca rural (com os diferentes sentidos que o
termo carregava) assumiu no contexto do debate que envolveu,
nesse período, a escola elementar e a docência no
âmbito desse grupo cultural.
Abstract
This book
explores the representations of culture, school and teaching
involved in the production, reproduction and reformulation of the
German-Brazilian-Evangelical teaching identity in the State of
Rio Grande do Sul (Brazil) in the first decades of the
20th century.
The
discussion is based on Women's and Cultural Studies, particularly
on those theories that have argued in favor of a critical use of
post-structuralism. The wider framework of the investigation was
defined on the basis of two assumptions. The first one has to do
with the argument that "history" is a field of knowledge which is
itself involved in the production of the facts and events that it
supposedly analyses and/or describes. The second one suggests
that we understand "culture" as a contested field in which the
meanings and subjects that constitute the specificity of social
groups are produced.
The
discussion of the representations analyzed in this study has
shown that one of the marks that is constitutive of this teaching
identity - the masculine gender - was inscribed on it by the
German nationality and by the Protestant religion. It has also
shown that the mark of "the masculine gender" was reinforced by
the intensity which the rural mark (with its different meanings)
has acquired in the debate which involved the elementary school
and the activity of teaching in this cultural group.
É
comum que livros que tratam de temáticas consideradas
muito específicas sejam destinados a um público
mais restrito, diretamente interessado naquele tema. Com as
inúmeras demandas que aquelas/es que se dedicam à
educação têm cada vez mais, a idéia
corrente é que se acabe tendo uma atitude
pragmática de apenas ler o que diretamente se liga aos
projetos aos quais se está dedicando. O livro de Dagmar E.
Estermann Meyer tem alguma chance de, pela temática em
estudo, acabar caindo nesta categoria de “muito
específico”. Se, ao ler o título, você
está tendendo a categorizá-lo desta forma, minha
forte recomendação é a seguinte: pense outra
vez. Neste livro, a autora oferece não somente uma
exaustiva e competente análise de sua temática de
pesquisa mas também um excelente exemplo de como é
possível operacionalizar, na análise concreta das
fontes empíricas, as categorias de análise do
referencial teórico com o qual se trabalha. O trabalho de
Dagmar Meyer é, portanto, de grande interesse para
todas/os que se dedicam à pesquisa na área das
ciências humanas em geral e, em particular, da
educação.
O livro tem como tema
geral a construção de uma identidade docente entre
os imigrantes alemães evangélicos que colonizaram o
Rio Grande do Sul nos séculos XIX e XX. A autora busca
entender como as representações em torno da cultura
teuto-brasileiro-evangélica constituíram esta
identidade docente particular. De forma a caracterizar estas
representações e suas influências, a autora
inicia com uma discussão sobre os conceitos de bagagem
cultural e cultura. Em muitos estudos sobre os/as imigrantes
alemães, estes/as são caracterizados como um grupo
com uma cultura proveniente da Alemanha, onde
também existiria uma cultura. O que Dagmar Meyer
demonstra é que esta cultura não é
homogênea entre o grupo de imigrantes e tampouco é
homogênea na Alemanha. E mesmo que a noção de
bagagem cultural não seja totalmente adequada, a autora
mostra como até este conceito implica a idéia de
escolha: quando alguém prepara a bagagem, há sempre
um processo de seleção do que vai compor esta
bagagem. Não é nunca possível carregar tudo
o que se tem nas mudanças e viagens.
Este processo de
seleção não aparece na maioria das
histórias que se conta sobre os imigrantes e suas
culturas. Dagmar Meyer, passa a se preocupar, portanto, em
rediscutir o próprio conceito de história. Ao
examinar este conceito – central em sua
recuperação da identidade docente construída
nos séculos XIX e XX – a autora, seguindo Foucault,
afirma que a história não é “um campo
[no qual] se descreve e analisa fatos e acontecimentos [mas] um
campo que os produz e modifica” (p.20). Este vai ser um
conceito central para a autora que vai, ao escrever a
história de como a identidade docente se formou no
contexto estudado, problematizar a aparente homogeneidade do
grupo de sujeitos teuto-brasileiro-evangélicos. No
processo de desconstrução desta noção
de indiferenciação interna, a autora problematiza a
noção de cultura do grupo estudado e as
representações que constituíram esta mesma
noção, buscando assim reconstruir esta
história de como os discursos sobre a cultura criam
representações que ganham efeito de
verdade.
Com esta
discussão, Dagmar Meyer quer propor uma
“reconceptualização do conceito de
cultura” (p. 46). Para ela, a melhor maneira de entender a
cultura é vê-la como um campo de
contestação e luta. Com os Estudos Culturais, a
autora entende a cultura não como crenças, rituais
e tradições que formam uma totalidade
homogênea, mas como um terreno onde “estes
fenômenos manifestos são produzidos através
de sistemas de significação, estruturas de poder e
instituições” (p. 51). Ou seja, aquilo que
é apresentado como o “legado” dos/as
imigrantes teuto-brasileiro-evangélicos/as é, na
verdade, uma construção social, na qual o que
não é dito é tão importante quanto o
que é explicitado.
A autora
dá consistência à sua análise
através da ligação desta discussão em
torno da noção de cultura com os conceitos de
poder, linguagem, discurso, articulação e
desconstrução, entre outros. Mas estes conceitos
não são abstrações justapostas
à noção de cultura. Dagmar Meyer
constrói um rico referencial que mapeia este terreno da
cultura teuto-brasileiro-evangélica e mostra que na
articulação de discursos religiosos, nacionais e
políticos, vai-se produzindo uma identidade docente
masculinizada e fortemente influenciada pela Igreja
Evangélica. Esta identidade docente não é,
pois, formada por um grupo étnico e uma
cultura homogênea. Ela é fruto de um processo de
tradição e tradução cultural, de
negociação entre culturas (p. 130), que se
está processando nestas comunidades. Neste contexto, o
Seminário Evangélico de Formação de
Professores, criado em 1909, “materializou o espaço
em que um processo educativo, engendrado no âmbito de um
complexo jogo de relações de poder entre discursos
e representações sociais, deveria transformar
determinados indivíduos em sujeitos de discursos que
instauravam e definiam um jeito de ser professor” (p. 153),
e é estudado pela autora como um lócus onde se pode
examinar a construção da identidade
docente.
Dagmar Meyer
está claramente interessada nas questões de
gênero e, de fato, sua curiosidade inicial foi saber por
que só se passou a admitir mulheres no Seminário a
partir de 1927. Mas sua atenção às
questões de gênero não está ligada
apenas a mapear a construção social de papeis
femininos e masculinos; o que ela busca, seguindo Guacira Louro,
é o exame das complexas redes de poder que constituem
hierarquias sociais legitimadas pelas supostas diferenças
entre homens e mulheres (p. 83). Como a autora afirma, “as
representações hegemônicas de gênero
(bem como as de raça e nação) fixaram os
padrões a partir dos quais se instituiu o que é ser
homem e mulher, como se educam meninos e meninas e, por
extensão, o que podem/devem fazer da/na vida”
(p.96). A escola, a igreja e a imprensa são locais
privilegiados onde os discursos circulam e interpelam os
sujeitos, os posicionam nos seus “devidos” lugares,
não somente em termos de gênero, mas definindo
também, por exemplo, quem pode e quem não pode ser
professor. Assim, naquela cultura “traduzida”,
rearticulada, a função de professor era
comparável a de pastor; o professor devia ser uma
liderança cultural e espiritual. Esta
caracterização confere, sem dúvida, à
atividade docente uma identidade masculina. O celibato era outra
exigência para as poucas mulheres que se dedicavam à
docência, mas dentro da teologia protestante a verdadeira
vocação era o casamento e a maternidade, o que
coloca mais um entrave às mulheres na
docência.
Todas estes
elementos devem ser aqui conectados ao fato de que há uma
questão de classe ligada à formação
desta identidade docente. Enquanto a burguesia urbana deste
período já vinha estimulando a
educação formal das mulheres, não com
destino ao exercício profissional, mas como uma
formação para melhor exercer as
posições a que elas se destinavam, nas zonas rurais
(espaço onde está o grupo em exame) a idéia
de educar moças que não exerceriam a
profissão parecia um desperdício dos parcos
recursos do Seminário. Dagmar Meyer mostra como o fato de
que as moças passam a ser finalmente admitidas no
Seminário, não é resultado de uma
mudança nos discursos hegemônicos, mas de um
deslocamento da clientela deste mesmo Seminário. As
moças que passam a freqüentar o Seminário
são filhas de pastores ou de professores e representam a
desestabilização da “ruralidade”
daquele local.
Assim, esta
identidade docente tem uma clara marca masculina e Dagmar Meyer a
vê como “um efeito de poder de
representações culturais em que gênero,
religião e nacionalidade se articularam de um modo
particular” (p. 198).
No livro de Dagmar Meyer
não há um referencial teórico separado da
análise das fontes. A autora afirma que não quer,
neste trabalho, discorrer sobre as suas escolhas
teóricas mas colocar em funcionamento estas
escolhas (página 26). Dagmar Meyer não somente
usa os Estudos Culturais e os Estudos de Gênero para
ir formando sua posição; ela constrói sua
análise fazendo Estudos Culturais e Estudos de
Gênero. Sua pesquisa deve ser categorizada, pois,
não como mais uma simples aplicação
mecânica dos conceitos daqueles referenciais
teóricos, mas como um estudo referência de como
é possível criar teoria em torno de um problema de
pesquisa.
Dagmar Meyer, a partir
de elementos particulares dos Estudos Culturais e dos Estudos de
Gênero, gera um instrumental de análise que atenta
ao contexto histórico-religioso-cultural, às
dinâmicas de classe, raça e gênero e à
normalização de sujeitos imersos em particulares
discursos. A específica combinação que a
autora constrói em seu estudo mostra-se particularmente
eficaz para entender seu objeto de estudo. Chama a
atenção, em especial, o fato de que Dagmar Meyer
defende “uma abordagem que, mesmo pressupondo a
produção discursiva do social e dos sujeitos,
não implica a negação da existência
material das pessoas, coisas e eventos, mas que sustenta que elas
não têm, em si, significados fixos, uma vez que elas
significam e se tornam verdadeiras somente dentro, ou pela
articulação, de determinados discursos enraizados
em contexto particulares e localizados” (p. 57). Esta
é sem dúvida uma abordagem que avança as
discussões do campo da educação, superando a
equivocada polarização entre “discurso”
e “materialidade”.
A
contribuição do trabalho de Dagmar Meyer vai, no
entanto, muito além de nos ajudar a entender melhor as
circunstâncias em que se forma a identidade docente nas
colônias alemãs. O seu livro nos dá
inúmeras pistas de como é possível construir
referenciais no processo de lidar com os dados. Sua
contribuição principal não é o
fornecimento de “achados” que podem ser
automaticamente transportados e “usados” em outras
pesquisas (embora várias de suas análises avancem
substancialmente o conhecimento em torno da noção
de cultura, para citar apenas um exemplo). A autora insiste que o
resultado de seu trabalho foi gerado em um processo de
“compreender, por exemplo, como poderiam funcionar, na
análise dos meus dados empíricos, conceitos como
cultura e discurso, os quais eu já havia
‘aprendido’ previamente” (p. 27). Aí
reside a grande contribuição deste trabalho: ao
acompanhar o percurso de investigação de Dagmar
Meyer, vemos os dados empíricos sendo articulados aos
conceitos e neste processo a teoria ganha corpo, dá novos
sentidos aos dados. A habilidade que autora tem de conduzir-nos
pelos caminhos que ela trilhou e fazer-nos descobrir com ela a
utilidade da teoria, a necessidade de novos elementos
teóricos para construir “nexos entre dados,
reconhecer a pluralidade de sentidos contidos em cada um deles,
mapear as relações de poder e delimitar os
discursos que aí estavam presentes”, é o
ponto alto de seu estudo. Todas/os envolvidas/os com pesquisas,
com questões de método, de como novo conhecimento
é construído, terão muito proveito com a
leitura deste livro.
Há um elemento,
no entanto, que talvez poderia ter merecido mais
atenção no trabalho. Na formação de
uma identidade docente entre o grupo de
teuto-brasileiro-evangélicos, formada na confluência
de discursos religiosos, políticos e nacionais, não
aparecem suficientemente os indivíduos lutando e
renegociando as posições de sujeitos a elas
atribuídas. Talvez tivesse sido interessante continuar o
estudo, explorar ainda mais o que ele se propõe, fazer
novas indagações à teoria, explorar suas
limitações. Uma destas limitações
parece ser, exatamente, a dificuldade de entender, no contexto da
investigação, como os sujeitos rearticulam os
discursos que pretendem conformá-los, ou seja, como estes
sujeitos resignificam e negociam estes discursos em sua vida
cotidiana. Assim, por exemplo, quando as mulheres passam a ser
admitidas no Seminário Evangélico de
Formação de Professores, a autora mostra como esta
mudança está ligada a interesses particulares e
localizados e mantém inalterados os discursos que regulam
a identidade docente. Embora concorde com a autora e considere
sua conclusão precisa e coerente com seu referencial
teórico, minha questão é: quais são
as instabilidades, interferências ou ruídos geradas
nos discursos produtores de regulação e disciplina
produzidas pela simples presença de corpos femininos neste
Seminário? Mais especificamente, como estas mulheres
negociam sua presença e que rearticulações
são necessárias a partir destas
negociações?
<>Minha
indagação origina-se no fato de que há
momentos nas análises baseadas em Foucault (algo que
não é, obviamente, exclusivo desta
concepção) em que os discursos parecem criar
posições às quais os sujeitos aderem sem que
haja qualquer conflito. Com esta discussão não
tenho nenhuma intenção de propor um recentramento
do sujeito autônomo do Iluminismo; a grande
contribuição de Foucault é exatamente o
descentramento deste sujeito. Com Stuart Hall, autor que
provê parte central dos argumentos do livro em
discussão, quero, no entanto, afirmar que “uma vez
que o descentramento do sujeito não é a
destruição do sujeito e que o
‘centramento’ da prática discursiva não
funciona sem a constituição dos sujeitos, o
trabalho teórico não se realiza por completo sem
que se complemente a consideração para com a
regulação disciplinar e discursiva com uma
consideração para com as práticas de
auto-constituição subjetiva” (Hall, Stuart e
Du Gay, Paul. Questions of Cultural Identity. Sage:
London, 1998, p. 13 [minha tradução]). Nesta
auto-constituição não há somente
“docilidade” e
“conformação”; uma pergunta relevante
é como os indivíduos produzem e desempenham suas
posições de sujeito dos discursos.
Sem dúvida
é pedir demais a Dagmar Meyer que trate em detalhe ainda
mais esta questão, depois de todas as inúmeras
contribuições oferecidas por ela em seu livro
– Stuart Hall admite ser esta uma das fronteiras ainda
muito pouco exploradas pelas/os pesquisadoras/es das
ciências humanas. Estas são indagações
que, no entanto, só poderiam ter-se originado na leitura
de um trabalho competente e instigante que provocou em mim
– bem como deverá provocar em todas/os aquelas/es
que estudam as questões da cultura – o desejo de
explorar mais possibilidades, de pensar como rupturas internas
aos discursos disciplinadores acabam por gerar novas
articulações. É isto que se espera de um
estudo que não apenas reproduz o uso de conceitos, mas os
explora e os faz entrar em movimento dentro da análise do
objeto de estudo. Isto é algo que certamente o trabalho de
Dagmar Meyer tem a oferecer.
Sobre a autora do
livro
Dagmar E. Estermann
Meyer é enfermeira, com mestrado e doutorado em
Educação. Ela é professora da Faculdade de
Educação da UFRGS onde também é a
coordenadora do Grupo de Estudos de Educação e
Relações de Gênero (GEERGE). Mais
informações sobre ela e suas
publicações mais recentes podem ser consultadas no
“site” do GEERGE:
http://www.ufrgs.br/faced/geerge
Realizada por
Luís Armando Gandin
Professor da Faculdade
de Educação da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul e doutorando na University of Wisconsin – Madison
– Estados Unidos
Luís Armando
Gandin é professor de Sociologia da Educação
da Faculdade de Educação da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul, atualmente realizando seu doutorado na
University of Wisconsin – Madison, nos Estados Unidos.
É autor dos livros Educação Libertadora:
Avanços, Limites e Contradições (Editora
Vozes, 1995), Temas para um Projeto
Político-Pedagógico (com Danilo Gandin –
Editora Vozes, 2001 – 4a Edição) e
Educação em Tempos de Incertezas (organizado
com Álvaro Hypolito – Autêntica, 2000).
É também Co-Editor da Revista Currículo sem
Fronteiras, disponível na internet em
http://www.curriculosemfronteiras.org.
Email: gandin@edu.ufrgs.br
Reseñas Educativas/ Resenhas Educativas
publica reseñas de libros sobre educación, cubriendo
tanto trabajos académicos como practicas educativas.
Todas las informaciones son evaluadas por los editores:
Editor para Español y Portugués
Gustavo E. Fischman
Arizona State University
Editor General (inglés)
Gene V Glass
Arizona State University
Reseñas Educativas es firmante de la Budapest Open Access Initiative.
|
No hay comentarios:
Publicar un comentario