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Apple, Michael W.
(1999). Políticas Culturais e
Educação. Porto: Porto Editora.
Pp. 171
ISBN
972-0-34153-X
Reviewed by João
M. Paraskeva
Universidade do Minho
22 fevereiro
2002
Políticas culturais e
educação1:
perspectiva
orientadora de leitura das actuais políticas
educacionais
"Fazer com que todo o
mundo se levante da cama,
E que se lave, e que se
vista, e que se aqueça e que se alimente,
Para trabalhar e
regressar novamente à cama,
Acredita-me, Saul, custa
mundos de dor."
John
Masefield2
"Cultural Politics and Education". New York: Teachers College Press, 1996, 149
pp., de Michael Apple—um dos autores mais preponderantes
no campo da educação radical—trata-se de
uma proposta teórica para os que se estão
preocupados com verdadeira essência dos problemas da
educação. A educação é o maior
e o mais árduo problema que nos pode ser colocado,
sobretudo, numa época complicada e intelectualmente tensa
onde da Direita as guerras culturais fazem estragos.3 O
prefácio, considerado por Michael Apple como
excêntrico4 é uma espécie de geografia
ideológica que constrói no leitor não
só todo um horizonte de expectativas, preparando-o para o
que irá encontrar nos capítulos seguintes como
também, o obriga a não minimizar o seu estado
manifestamente confesso, na medida em que não se limita a
expor factos
Ler "Cultural Politics and Education"5 é contactar com
alguém que atravessa profundas tensões e
tendências e que continua a prossecução de
dois grandes objectivos: solidificar os argumentos abordados no
livro "Official Knowledge"6 acerca das tendências conservadoras em
educação e na sociedade em geral; expandi-las para
tratar de uma forma mais específica as propostas de um
currículo nacional, testes nacionais, planos "choice" de
mercado nos Estados Unidos da América do Norte.7
Sendo um autor com uma
vasta produção bibliográfica, no
âmbito da educação, Michael Apple não
pode ser lido na perspectiva de uma obra específica mas na
globalidade das ideias que dão consistência e
agressividade ao seu pensamento. Daí que, saliente o livro
"Official knowledge", como o progenitor original desta obra8, muito
embora as questões que formula se encontrem também
nas obras "Ideology and curriculum"9, "Education and power "10 e
"Teachers and texts".11 Apesar da complexidade de toda a sua
produção bibliográfica é
possível compreendermos o seu pensamento educacional - de
uma sólida coerência ideológica - se
seguirmos esta perspectiva orientadora: as relações
de dominação e de exploração na
sociedade actual são explicadas pela
intersecção das esferas económica, cultural
e política, com as dinâmicas de classe, raça
e género.12
Nas
primeiras páginas, Michael Apple, socorrendo-se do
raciocínio de Said (1993)13, esclarece a sua
história verdadeira e a do livro14 salientando que os autores
não são mecanicamente determinados pela ideologia,
pela classe e pela história. Moldam e deixam-se moldar por
essa história e pelas suas experiências
sociais.
Perante um quadro
social, cada vez mais preocupante e difícil para todos os
que estão comprometidos com a transformação
social e educativa progressista15 - a Direita está a ressurgir;
reduz-se a educação à
competição e ao lucro ou a um regresso à
romantização da "tradição Ocidental";
o fundamentalismo religioso de Direita continua a crescer e
adquire maior influência naquilo que os professores
ensinarão ou não nas escolas; o crescente nativismo
racista, discurso este que actualmente se transdimensiona com
tanta propaganda à pseudo-ciência de Richard
Hurrstein e Chalres Murray16 no seu livro “The Bell
Curve”17—Michael Apple mantêm-se crente na
jornada de esperança que nos é proposta por
Williams18, alertando-nos para a necessidade de
não sermos imunes ao sofrimento humano, tanto no plano
nacional, quanto no plano internacional.
O modo como aborda as
realidades norte-americanas—pobreza, economia e
educação19 - permite-nos constatar que, ao
contrário do que assinalam Herrnstein & Murray, o
fracasso escolar não se encontra directamente relacionado
com a capacidade cognitiva do indivíduo.20 Pelo contrário,
denuncia a falácia (intencional) da questão do
“abandono escolar” e dos alunos “em
risco”. Para Michael Apple, estas problemáticas
não podem ser analisadas como uma questão
primordialmente educativa cuja solução teria que
ser fundamentalmente educativa ou seja, a educação
não é parte da solução do
problema mas constitui em si uma grande parte da
problemática da diferenciação cultural e
económica.21
Em contraponto ao livro
“The Bell Curve”—claramente o trabalho mais
estarrecedor e incendiário no campo das ciências
sociais nos últimos anos e redigido numa forma de
resignação fatalista22 - Michael Apple critica o
simplismo com que se realizam determinadas análises,
denunciando que as crianças pobres enfrentam uma enorme
possibilidade (tão elevada como quatro vezes superior
às crianças que não são pobres) de
serem classificadas como ligeiramente atrasadas mentais,
possuindo incapacidades físicas e mentais, de serem
hospitalizados por lesões, de terem carências de
ferro e de faltarem à escola devido a deficientes
condições sanitárias.23.
A actual
contingência histórica - em que a linguagem
corrompida da “democracia” económica tem
justificado determinadas políticas, onde os compromissos
sociais e as relações humanas somente são
julgadas pelos seus ganhos mercantilistas - permite o surgimento
de análises como a de Herrnstein & Murray24, - muito
embora exposta a fortes hostilidades, sendo inclusive apelidada
de uma interpretação racista, neo-nazi25 - assente no
primado darwisnista em que a transmissão
hereditária da inteligência se assume como um
conceito chave para a evolução do ser-humano.26
Encontramo-nos numa
época em que as decisões da
“democracia” estão cada vez mais
identificadas, com as regras do capitalismo e do consumo,27 em que o
fardo do desemprego recai de forma desigual28 na idade na raça
e no género29, em que os mais afectados são os
indivíduos de cor, as mulheres e os jovens, e em que um em
cada sete norte-americanos vivem na pobreza,30 assim como uma em cada
quatro crianças de idade inferior a 6 anos31 e quase um em
cada três norte-americanos terão sido pobres, em
algum momento da sua vida, quando atingir os 16 anos32. Enfim,
vivemos numa época de “apartheid”
educacional33. A taxa de pobreza é basicamente um
indicador do estado da economia34, e não basta um indivíduo
estudar arduamente ou aceitar empregos com baixos
salários, para se eliminarem as desigualdades que emergem
na sociedade como consequência do desemprego”35. Esta viagem
de Michael Apple pela sociedade tem como objectivo a
crítica das actuais políticas
educativas.
No fundo, e tal como
afirmam Levin & Kelley36, apesar da educação ser
vista como um investimento de capital humano, com
repercussões directas no indivíduo e na sociedade,
e que com o aumento dos níveis de avaliação,
porventura se diluiriam os males da economia,37 o facto é que a
educação representa apenas um aspecto muito
importante, das condições globais que determinam a
competitividade e a produtividade económicas, os
índices de criminalidade, a assistência social, a
participação política, etc; a
educação tem realmente um impacto enorme nestas
áreas apenas se estiver fundamentada em adequados
pressupostos. Caso contrário, multiplicam-se as chagas da
sociedade minimalizando-se o poder e o território da
educação.38 Todavia, para muitos neo-liberais e
neo-conservadores existe, mais uma vez, um culpado fundamental
que é a escola [pública]e não as
suas políticas económicas e sociais39. Organize-se
a escola e tudo o resto se ordenará por arrastamento, na
base da receita de que o que privado é bom e o que
é público é mau. Estas ideias têm sido
a pedra angular das agendas educativas da Nova Direita.40
A
simplicidade com que se afirma que as problemáticas do
abandono escolar e dos alunos em risco se relacionam com os
“Q.I.” dos alunos—alunos com
“Q.I.'s” elevados permanecem mais tempo nas
escolas e têm mais sucesso do que os alunos com
“Q.I.'s” mais baixos41 - surge contrariada por
Apple e Zenk através do cruzamento de dados tão
clarividentes quanto estarrecedores, no que diz respeito à
raça, ao género e à classe e suas
consequentes desigualdades, e que no fundo documenta que a
educação não é a [única]incubadora das
crises [económicas]da sociedade.42
Deste modo, "Cultural
Politics and Education" - cujos terceiro e quarto
capítulo, surgem em co-autoria, respectivamente com Anita
Oliver43
e Christopher Zenk44, muito embora, como frequentemente acontece,
não consiga tratar detalhadamente todas as
questões45 - insere-se na continuidade das linhas mestres
que têm caracterizado o autor: uma luta titânica,
através de um discurso de denúncia, nalguns casos
perfeitamente mordaz - veja-se, entre outros, o exemplo de Holmes
e Watson46 - para a construção de uma
sociedade assente na justiça social, onde a
estratificação de classes ou a
diferenciação de espaços sociais47 se dilui, e
em que a escola, perspectivada como um aparelho ideológico
e (mas também) repressivo do Estado,48 assuma um papel
preponderante até porque, mais do que processar pessoas,
processa significados,49 através de um conhecimento que é
construído socialmente e não[apenas]recebido.50
Para tal,
Michael Apple começa por estabelecer uma
relação muito sui generis entre três
realidades, duas delas, à partida, perfeitamente
antipódicas com uma terceira—
educação, identidade e batatas fritas baratas,
—através da narração de uma
história que deixou no autor uma marca indelével,
uma vez que condensou, num conjunto poderoso de
experiências históricas, as relações
entre as [nossas]lutas como educadores e activistas em
muitos países e as diferentes formas de
actuação do poder na vida quotidiana.51
Numa
estratégia típica dos grupos dominantes52 e de elite
— de que Foucault se sentiria muito orgulhoso53—o
governo de um determinado país asiático decidiu que
a entrada de capital estrangeiro era crucial para a sua
própria sobrevivência. Nas palavras do narrador54, os
campos (lavrados de batatas) são o motivo pelo qual
a [sua]cidade não tem escolas. De facto,
não há escolas devido a algo tão trivial
como as batatas [fritas]. No fundo esta história deve
esclarecer-nos o seguinte: a) estamos perante uma das formas mais
poderosas que nos recordam a importância vital de
entendermos a escolarização numa perspectiva
relacional; b)uma consideração
teórica e política crucial; c) o reconhecimento das
transformações que se vão produzindo em
muitas sociedades considerando-se a complexidade que envolve a
relação ”poder/conhecimento”.55
Michael
Apple contextualiza esta descrição - inserindo-a
numa época histórica dominada pelas
políticas neo-liberais—e parte para uma
investigação crítica—que
aliás estrutura todo o livro—das tendências
conservadoras na educação, com especial destaque
para as tentativas dos movimentos neo-liberais e
neo-conservadores em criarem um aliança
hegemónica56, cada vez mais robusta para restaurarem a
educação (e outras áreas da sociedade)
arrasando a legitimidade dos temas e preocupações
das agendas dos movimentos de esquerda, e tentando validar,
através da escolas e dos meios de
comunicação, uma “identidade
norte-americana” única e unificadora, ignorando, por
exemplo, a barbárie que foi o época de
escravidão nos Estados Unidos da América do Norte e
que faz parte da génese do tecido social
actual.
Depois de
denunciar as contradições evidentes nas
políticas da Nova Direita57, que actualmente dominam o
espectro educacional—que se traduzem por uma
crença neo-liberal num Estado fraco e nos valores de
mercado, e numa crença neo-conservadora num Estado forte e
no reforço dos valores tradicionais—Michael Apple
adianta que a agenda da Direita possui estratégias para
lidar com estas contradições e consegue formar, de
um modo criativo, uma aliança—por vezes com
algumas tensões violentas—que reúne quatro
grandes grupos: 1) as elites económicas e políticas
dominantes; 2) o, cada vez mais activo, movimento populista
autoritário; 3) os conservadores económicos e
culturais; 4) um determinado sector da nova classe média58.
Trazendo
à colação o raciocínio de McGuigan59, Michael
Apple entende que o padrão cultural vigente nunca consegue
dominar completamente o campo: tem que lutar continuamente com as
culturas residuais e emergentes. É importante que as
relações hegemónicas—conceito
gramsciano fundamental em toda a sua obra - devam ser
pensadas, com frequência, em termos de classe—e
é extremamente importante que se continue a pensar desta
forma —sendo essencial que se reconheça sempre a
multiplicidade das relações de poder que envolvem
as problemáticas da raça, do género, da
sexualidade e da “capacidade”. Uma determinada
hegemonia - actuando ao nível do senso comum —
é uma conjuntura política gerada pelas
condições do capitalismo, da
comunicação de massas e da cultura. A hegemonia
define os limites nos quais se poderá lutar pela
articulação da liderança de uma
formação social específica e que requer a
mobilização da camada popular. No entanto pouco
mais tem sido do que uma luta sobre o "que é popular".60
No fundo, é a
problemática do conhecimento oficial que está em
causa e que leva Michael Apple a reagir com firmeza ao modo como
se realizam as abordagens ao currículo e
avaliação nacionais. Daí que se oponha, com
firmeza, aos planos “choice” e “voucher”,
pois apenas contribuirão para a
multiplicação da estratificação e das
desigualdades sociais. Há que reconhecer a
educação como um processo profundamente implicado
nas políticas culturais e que o currículo
não é uma mera montagem de conhecimentos que
aleatoriamente surgem plasmados nos manuais e nas salas de aula
de um determinado país.61 As escolas não são
neutras, são esferas políticas, e há que
lutar por elas nessa base.62
Ao contrário de
Tyler63,
que submete os objectivos da educação a
escrutínios de fundamentação
epistemológica—sociológicos,
filosóficos e psicológicos64—Apple, não
só questiona a legitimidade de quem efectua a
selecção dos objectivos educacionais, como
também entende que a fundamentação da
selecção dos objectivos da educação
deve assentar numa base cultural, ideológica,
política em ordem a uma sociedade mais justa socialmente.
Daí que denuncie o currículo como parte de uma
tradição selectiva com base na visão de
alguém, ou de um determinado grupo sobre o conhecimento
que entende como socialmente válido.65
O testemunho que a
polémica do manual “Impressions” causou na
comunidade da pacata “Citrus Valley” e os
consequentes contornos e desenlace que o movimento
“Concerned Citizens of Citrus Valley” foi tendo
revela os cuidados a ter por todos aqueles que se preocupam com o
futuro das crianças. O objectivo de Apple e Oliver
é perceber como crescem os movimentos da Direita
religiosa.66 A falta de compreensão, os erros
sucessivos cometidos por entidades da
administração, a inflexibilidade burocrática
e o ostracismo a que muitas vezes as pessoas são votadas
perante as suas reivindicações, levam a que, por
exemplo, o que começou como uma preocupação
acerca do conteúdo dos manuais terminou, com algumas
pessoas a tornarem-se membros activos de movimentos nacionais de
Direita.67 Os movimentos de Direita encontram-se em
constante formação68 e crescem mediante
“acidentes”, de um modo vacilante, difuso e, em
parte, de maneiras indeterminadas localizadas num vasto complexo
de relações económicas, políticas e
culturais.69 Perceberemos muito mal a complexidade desta
dinâmica se nos centrarmos apenas nos movimentos
conservadores do exterior70.
Numa altura
em que, segundo Michael Apple71, a educação se encontra
numa fase de profunda contestação, o autor
avança com a proposta da “Ontário Federation
of Labour” como um exemplo de formas de abordar a
educação e a formação que não
ratificam o sonho neo-liberal de minimizar toda a
educação e formação num simples
adereço do projecto industrial.72 No fundo, só a
educação e a formação poderão
contornar o tal "mar colorido de cinzento" de que nos falam
Holmes e Watson73. E, socorrendo-se de Gramsci, Michael Apple
alerta-nos, que o pior é que por detrás dos slogans
da democracia está uma esmagadora negligência da
necessidade de desenvolver nos estudantes a capacidade de
raciocinar, de pensar, de circular constantemente num cursor
entre a abstracção e a realidade.74 É por isso que
Michael Apple, nos exige que sejamos honestos e que nos deixemos
de romantismos. As novas formas de gestão, e novos
curricula das escolas baseados na equidade encontram-se
desvirtuadas pela nova Direita e requerem muito tempo.
Verifica-se mesmo que os recursos disponíveis na escola e
as tomadas de decisão reduziram-se e não se
expandiram.75
O autor
avança ainda com uma proposta que havia sido já
abordada previamente num outro livro seu "Education and Power"76: a
crença nas reformas não reformistas77. Decerto para
Michael Apple a melhor solução a ser seguida
perante a crise em que se encontra a escola. Numa época em
que a restauração conservadora conjuga a
educação, a família e o Estado com todo um
passado, através de uma língua oficial e de uma
identidade nacional78, em o currículo se assume como um
terreno crucial para as batalhas culturais79 na base de um conhecimento
que é veiculado e que é resultado de um legado
cultural que é decantado80, urge não menosprezar as
raízes das problemáticas educativas.
Desta
forma, Michael Apple - ciente de que o currículo define o
conhecimento socialmente válido, que a pedagogia define o
que conta como transmissão válida do conhecimento e
que a avaliação define o que é válido
na realização desse conhecimento,81 sobretudo numa
época em que o sistema
democrático-burocrático permitiu o surgimento de um
grande número de funções justificadas pelas
necessidades políticas, fundamentalmente pelos grupos
dominantes82 - entende que a [nossa]tarefa
não se limita a tornar o currículo mais
“prático”, isolando-o das questões
sociais mais vastas que nos facultam um critério
crítico a todas as preocupações
sérias pela justiça social,83 podendo permanecer como uma
ficção a não ser que estejamos
constantemente embrenhados nas lutas pela justiça
social.84
Assim, as
reformas não reformistas permitem que não sejamos
apenas passageiros de um comboio - tal como Holmes e Watson - e
que participemos no estabelecimento de uma sociedade mais justa e
igual através de uma deliberação conjunta na
orientação desse mesmo comboio. As reformas
não reformistas traduzem-se em tentativas, não
só de transformar as práticas das escolas tal como
existem actualmente, como também defender essas
práticas da avidez das lógicas económicas.
É esta combinação da actividade
prática na escola e a potencialidade para reformas
continuadas de longa duração que dá poder
às estratégias não reformistas."85
Michael
Apple denuncia ainda o radicalismo de muitas das críticas
pós-modernas86 e pós-estruturais que frequentemente se
afastam de uma preocupação da vida quotidiana
detalhada das escolas. Importa evitar a
substituição de uma grande narrativa por outra que,
na realidade, nunca existiu nos Estados Unidos da América
do Norte. Não se deve subestimar a força e a
consistência dos ataques da nova aliança de
restauração conservadora realizados à
educação para implementar, assegurar e perpetuar
todo um cânone social vigente, uma flácida e
trágica romantização do passado87 que legitima
a pobreza de milhões e milhões de pessoas no mundo
e que infelizmente conseguiu impor a noção
errónea de que o é privado é bom e de que o
que é público é mau. Estes movimentos, que
lutam pela redefinição dos objectivos do sistema
educativo de acordo, acima de tudo, com a indústria e com
a Direita, actuam simplesmente para exportarem a crise da
economia para as escolas88.
Fundamentalmente, este
livro é mais um grito às desigualdades selvagens89 que
continuam a multiplicar-se na sociedade, numa altura em que
assistimos à consolidação de um projecto dos
movimentos da Direita através de uma aliança
hegemónica abrangente combinando ideais, à partida
antagónicos, mas que, na realidade, têm marcado o
compasso da educação.90 No entanto, apesar de exibir
aqui e ali exemplos de sucesso nos movimentos que se opõem
à nova Direita, está consciente - e incute esse
estado no leitor - das dificuldades e dos perigos que existem em
inverter a ordem social (desigual, injusta, de
estratificação esquálida do capital humano e
económico) prevalecente. Como perspectiva possível,
sugere a leitura do livro "Democratic Schools"91, testemunho vivo de
como as escolas públicas podem ser um exemplo a
seguir.
Uma proposta de Michael
Apple92,
na linha de Adorno e Horkheimer de que toda a realidade é
passiva de ser criticada. Aliás, como salienta Thomas93,
é necessário um pensamento crítico - que
Adorno entende como base profícua para a
emancipação e autonomia do ser94 - que desafie as
estruturas e concepções prevalecentes e que conduza
a consciência para uma re-examinação
intelectual e acção social que envolva uma luta
saudável sobre as ideias, as metáforas, as
políticas e os comportamentos95.
Não entendemos
estar perante uma abordagem fundamentalista do campo educacional.
Pelo contrário, o quarto capítulo consegue ser,
pelas análises realizadas às realidades
norte-americanas, uma comprovação do
fundamentalismo de análises como as que são
propostas por Herrnstein & Murray96 - essas sim, que
consideramos de um extremismo atroz - que muito embora considerem
o século XX como estando afogado numa
estratificação social definida com base no
dinheiro, no poder e no "status" atribuem no entanto, essa
estruturação diferenciada na base da
inteligência humana que difere de indivíduo para
indivíduo.97 Apple limita-se a interpretar a realidade
social e educacional. Assume uma perspectiva
fenomenológica tentando descrever a essência dos
factos que têm contribuído para uma sociedade cada
vez mais desequilibrada socialmente - em que (intencionalmente) a
democracia se vituperou deixando de ser um conceito social
passando a ser um conceito económico - alertando-nos para
a necessidade de levarmos alguns teóricos mais modernos a
corrigirem as suas tendências de marginalizarem as
preocupações que envolvem as políticas
económicas e as relações de classe.
Não decorre daqui qualquer tipo de
fundamentalismo.
Deixa ainda transparecer
uma denuncia à adulteração do discurso
democrático por parte da Direita. Há como que uma
recodificação do termo democracia e a
construção da alteridade do seu próprio
conceito. Muito naturalmente subjacente a isso surgem as
apologias à tradição, às grandes
narrativas, a uma cultura comum. A democracia, tal como o autor
deixa transparecer, é um espaço de lutas constantes
que reclamam justiça, liberdade, qualidade. A democracia
não tem uma territorialização
política; é sim um comportamento de constante
reflexão sobre todos os aspectos do dia-a-dia.98 Pelo que diz
respeito à educação em geral e ao
currículo em particular, não basta identificar os
interesses ideológicos que lhe estão subjacentes e
que funcionam para coarctar a actuação
dinâmica de professores e alunos. É preciso bem mais
do que isso99. No fundo, o autor denuncia o
parricídio produzido por muita da actual
investigação em que se ignora sistematicamente as
questões mais substantivas da crise educacional e social
que tem como progenitor o estrugido entre cultura, economia,
poder, raça, género e classe.
No entanto, entre
algumas dúvidas salientamos uma que entendemos importante
e poderosa. O período actual de crise em
educação, tal como é veementemente
denunciado por Apple (1998), não se encontrará
também relacionado com os erros que foram sendo cometidos
por determinados sectores da teoria social progressista?
Países houve, em que o neo-liberalismo, pelo menos
explicitamente, é de agora. Antigamente era uma
visão, uma realidade incognoscível para a maioria
dos cidadãos. No fundo, em que parte se encontra o
demérito de assistirmos ao crescente domínio dos
projectos sociais neo-liberais? Além do mais, a
fundamentação política, ideológica,
cultural, e económica que consubstancia o projecto social
neo-liberal está muito longe de poder explicar e
solucionar a crise que se vive na educação, a
injustiça social que legitima e a
multiplicação dos espaços sociais
diferenciados que cristaliza. Ou seja, não se sabe
até que ponto, a "friedmanização" da
educação - sob a falácia de continuar a ser
um bem público - não tem também muito a ver
com os erros de determinados sectores da teoria social
progressista - algumas facções da esquerda, quando
no poder confundem-se com a direita - do que com o mérito
do ideal neo-liberal e neo-conservador. Será isto mais um
dos muitos e poderosos exemplos, pela qual a Direita se encontra
em vantagem100 e se acha no pleno direito de pôr e
dispor do cidadão, entregando-lhe o estatuto de mero
consumidor?
Finalmente, Michael
Apple não renega as suas origens. Os seus pais - Harry e
Mimi Apple - a sua mulher, Rima Apple e os seus filhos - Peter e
Paul - para além de um conjunto vastíssimo de nomes
conhecidos no campo da educação não
são esquecidos. Com a maior simplicidade, reconhece o
enorme contributo que foi obtendo de cada um para a
consecução do livro, ciente do enorme
esforço que exige a construção de uma
sociedade mais justa e igual. Nisto o excerto de Masfield
é catafórico criando não só o ritmo
da leitura deste livro como também tonificando a
verdadeira essência do campo educacional actual.
Acerca del
resenhador
João M.
Paraskevaes profesor del
Instituto de Educação e Psicologia Universidade do
Minho Portugal y Honary
Fellow Department of Curriculum and Instruction and Educational
Policy Studies, University of Wisconsin - Madison
Paraskeva@iep.uminho.pt
Acerca
del autor del libro
Michael
W. Applees
John Bascom Professor of Curriculum & Instruction and
Educational Policy Studies University of Wisconsin-Madison y es
autor de numerosos libros en ingles.
Notas
1M. Apple (1996).Cultural Politics and
Education. New York: Teachers College Press/
Políticas Culturais e Educação. Porto: Porto Editora
2Citado por Lillian Rubin, (1976).
Words of
pain . New York:
Basic Books, p., 14
5Uma perspectiva de análise que
começou por ser um esboço para a Conferência
John Dewey tendo sido posteriormente apresentado como
comunicação na AERA (American Education Research
Association) e no "Techers College" na Universidade de Columbia,
muito embora comece a ganhar corpo após uma estadia num
campo de refugiados na Bósnia em que perante tantas
vicissitudes se construiu uma escola, testemunho vivo de do poder
da educação na manutenção de uma
comunidade, p., x.
6M. Apple (1993). Official knowledge:
democratic education in a conservative age. New York:
Routledge.
9M. Apple (1990). Ideology and
curriculum. 2nd Edition. New York: Routledge
10M. Apple (1985). Education and power.
New York: Routledge
11M. Apple (1988). Teachers and texts; a
political economy of class and gender relations in education.
New York: Routledge.
12M. Apple & Lois Weis (1983) (Eds.).
Ideology and practice in schooling. Philadelphia. Temple
University Press.
13E. Said (1993). Culture and imperialism.
New York: Vintage Books., p., xxii.
17Richard Herrstein and Charles Murray (1994)
The bell curve. New York: Free Press.
18R. Williams (1989). Resources of hope.
New York: Verso; R. Williams (1961) The long revolution.
London: Chatto & Windus.
20R. Herrstein and C. Murray (1994) The bell
curve. New York: Free Press, p., 143.
22S. Fraser (1997). Introduction to The Bell
Curve Wars. In A. H. Halsey, Hugh Lauder, Phillip Brown and A. S.
Wells (Eds.). Education, Culture, economy and society.
Oxford: Oxford University Press, pp., 779- 784.
24R. Herrstein and C. Murray (1994) The bell
curve. New York: Free Press.
25R. Herrstein and C. Murray (1994) The bell
curve. New York: Free Press, p., 553.
28p., 89. Michael Apple entende que todos o
cidadãos norte-americanos devem ter direito a um trabalho
decente e respeitável exigindo isso, que não
só trabalhemos para a reestruturação
fundamental das nossas prioridades económicas, como
também que desafiemos as assunções
darwinistas sociais que permanecem subjacentes em grande
parte do nosso sistema económico, e que entendem que os
pobres ficaram pobres ou desempregados porque o
mereceram.
30U.S. Bureau of the Census. (1993). Poverty
in the United States. Washington, D.C.: Government Printing
Office, Current Population Reports Series, P60-185, p.
viii.
31A. Sherman. (1994)Wasting
America's future: the children defense fund report on the
costs of child poverty. Boston: Beacon Press. p.
4.
32M. Wright Edelman (1994). Introduction. In
Arloc Sherman. Wasting America's future: the children
defense fund report on the costs of child poverty. Boston:
Beacon Press, p. xvi.
34D. Ellwood and L. Summers. (1986). Poverty in
America”. In S. Danzinger and D. Weinberg. (Eds.).
Fighting poverty: what works and what doesn't.
Cambridge, MA: Harvard University Press, p. 82.
36H. Levin & C. Kelley (1997) Can education
do it alone? In A. H. Halsey, H. Lauder, P. Brown and A. S. Wells
(Eds.). Education, Culture, economy and society. Oxford:
Oxford University Press, pp., 240-251.
40M. Apple (1998). Educar à maneira da
«direita». As escolas e aliança conservadora.
In J. Pacheco; J. Paraskeva e A. Silva (Orgs.).Reflexão
e inovação curricular. Braga: Universidade do
Minho, 33-66.
41R. Herrstein and C. Murray (1994) The bell
curve. New York: Free Press, p., 568.
42Com a intenção de reforçar
a sua análise, Apple socorre-se dos dados
estatísticos fornecidos pelo “Bureau of Labor
Statistics” que demonstram que oito ocupações
mais significativas, das dez registas—vendedores a
retalho, caixas, camionistas, criados/criadas de mesa, auxiliares
de enfermagem, empregos na preparação de alimentos
e porteiros/empregados de limpeza—em geral, não
requerem níveis altos de
educação.43
43Professora na Escola de Educação
da Universidade de La Sierra.
44Aluno de doutoramento e activista educacional
na Universidade de Wisconsin, Madison.
47P. Bourdieu, (1998). Razões
críticas .
Lisboa: Celta.
48L. Althusser, (1980). Ideologia e Aparelhos
Ideológicos dos Estado. Lisboa:
Presença.
49M. Apple, (1990). Ideology and curriculum. 2nd Edition. New York:
Routledge
50H. Giroux, (1992). Border Crossings;
cultural workers and the politics of education. New York:
Routledge, p., 156.
54Um antigo aluno e amigo de Michael Apple, que
por questões de segurança se coíbe de
identificar.
55Vide: Michael Apple (1996) Cultural Politics
and Education. New York: Teachers College Press.
56Vide, J. McGuigan (1992). Cultural populism. New york: Routledge. p.
63. A
educação tem sido uma das esferas sociais onde a
Direita tem ganho maior ascendente e segundo Apple (1996)
"Cultural Politics and Education", permitimos que esta determine
os termos do debate sobre a educação e sobre as
demais questões sociais.
57Vide também a este respeito S.
Ball (1997). Education reform; a critical and post-strutural
approach .
Philadelphia: Open University Press.
58Para uma análise mais detalhada sobre
esta aliança ou coligação veja-se M. Apple
(1993). Official
Knowledge: Democratic Education in a Conservative
Age . New York:
Routledge; e M. Apple (1998). Educar à maneira da Direita: as escolas
e a aliança conservadora. In J. Pacheco; J. Paraskeva e A.
Silva. Reflexão e Inovação
Curricular: Braga: Universidade do Minho, pp., 33-66.
Também para uma informação mais
pormenorizada acerca da nova classe média, suas
tendências e tensões ideológicas, veja-se B.
Bernstein (1990). The Structuring of Pedagogic Discourse: Class
Codes and Control, volume 4. New York: Routledge.
59J. McGuigan (1992). Cultural populism.
New york: Routledge. p.
25.
60L. Grossberg (1986). History, politics and
postmodernism: Stuart Hall and cultural studies. Journal of
Comunication Inquiry, 10 (2), p., 69.
62H. Giroux, (1992). Border Crossings; cultural workers and the
politics of education. New York: Routledge, p., 152.
63Vide, S. Kemmis (1988: 55). El curriculum: Más
allá de la teoria de la
reproducción. Madrid: Morata. Segundo Kemmis uma das
exposições melhor articuladas e construídas
da nova corrente teórica sobre o currículo que tem
sido muito maltratada por um criticismo extravagante.
64R. Tyler (1949) Basic principles of
curriculum and instruction. Chicago: University of Chicago
Press, pp., 3 - 62.
69No fundo, Apple e Oliver realçam que na
base do conflito encontra-se a questão da própria
democracia e o papel da educação no desenvolvimento
da democracia, ou seja, como é que um determinado projecto
de escola pode ser defendido por forma a que não resvale
para situações malignas aumentando as fileiras dos
movimentos de Direita.
71M. Apple (1998). Educar à maneira da
Direita: as escolas e a aliança conservadora. In. J.
Pacheco; J. Paraskeva e A. Silva (Orgs). Reflexão e
Inovação curricular. Braga: Universidade do Minho,
pp., 33- 66.
76M. Apple (1995) Education and Power. New
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80J. Forquin (1993) Escola e cultura; as bases
sociais e epistemológicas do conhecimento escolar.
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81B. Bernstein (1971). On the classification and
framimg of educational knowledge. In M. Young (Ed.). Knowledge
and control; new directions for the sociology of education.
London: Cassell& Collier MacMillan Publishers.
82D. Forgacs; G. Nowell-Simth (1985).
(Eds.).António. Gramsci; Selections from cultural
writings. Cambridge: Harvard University Press.
86Vide, M. Apple (1997) What postmodernists forget:
Cultural capital and official knowledge. In A. H. Halsey, H.
Lauder, P. Brown and A. S. Wells (Eds.). Education, Culture,
economy and society. Oxford: Oxford University Press, pp.,
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87R. Williams (1983). The year 2000. New
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88M. Apple (1998). Educar à maneira da
Direita: as escolas e a aliança conservadora. In. J.
Pacheco; J. Paraskeva e A. Silva (Orgs). Reflexão e
Inovação curricular. Braga: Universidade do Minho,
pp., 33- 66.
89J. Kozol (1991). Selvage inequalities.
New York: Crown.
90M. Apple (1996). Being popular about national
standards. Education Policy Analysis. Volume 4
(10).
91M. Apple & J. Beane (1996). Democratic
Schools. Washington: Association for Supervision and
Curriculum Development.
92Estamos perante uma obra em que várias
vezes o autor entra explicitamente em diálogo com o leitor
que assenta em alguns factos não só com o intuito
de criar um clima de autenticidade, aliás,
legítimo, como também para, através de
exemplos verídicos apelar ao leitor à necessidade
de uma postura crítica exigindo constantemente
análises contingentes e históricas.
93J. Thomas (1993) Doing critical
ethnography. Newbury Park, C.A.: Sage.
94Th. Adorno(1997). Educación para la
emancipación. Madrid: Morata.
95Vide: J. Thomas (1993) Doing critical
ethnography, p., 68.
96R. Herrstein and C. Murray (1994) The bell
curve. New York: Free Press.
97R. Herrstein and C. Murray (1994) The bell
curve. New York: Free Press. ,p., 25
98H. Giroux, (1992). Border Crossings;
cultural workers and the politics of education. New York:
Routledge, p., 155
99H. Giroux, (1992). Border Crossings;
cultural workers and the politics of education. New York:
Routledge, p., 153.
100Michael Apple (1997). Os professores e o
currículo: abordagens sociológicas. Educa -
currículo: M.E./I.I.E., Lisboa: Universidade de
Lisboa.
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