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Frigotto, G.
(Org.) (1998). Educação e crise do
trabalho: Perspectivas de final de século. Petropolis,
Brazil: RJ: Vozes.
230 pp.
ISBN 85-326-2027-2
Resenhado por Cesar Augusto
Rossatto
Universidade do Texas em
El Paso (UTEP)
August 18, 2002
Educação e crise do trabalho: Perspectivas de final
de século é uma coletânia de vozes que busca a
interlocução com agentes sociais interessados em um
discurso com base ou tom marxista, procurando relacionar
determinantes históricos que explicam as desigualdades
sociais, econômicas, culturais e fatores de exclusão no
sistema educacional. Este livro também procura oferecer
alternativas sociais de caráter igualitário, socialista e
solidário. Tais alternativas almejam ampliar as esferas
democráticas públicas para facilitar o acesso das várias
camadas sociais, minimizar um sistema de classes
polarizadas, possibilitar o direito à educação básica e
tecno-profissional, além do direito à cidadania, à saúde, à
cultura, ao lazer, à aposentadoria, o acesso ao trabalho e
a salários dignos. Nesse contexto de fatores
interconectados, Educação e crise do trabalho:
Perspectivas de final de século examina as relações do
mundo de produção e reprodução da vida humana, seus
aspectos formativos e processos educacionais. Esta
coletânea oferece uma análise e perspectivas voltadas para
realidades centrais básicas do desenvolvimento e
subdesenvolvimento de países capitalistas como a Itália, o
México e os Estados Unidos e mais particularmente, o Brasil
ou a América Latina. A experiência da globalização nestas
nações e continentes diferentes, é evidentemente, abordada
de forma distinta. Países desenvolvidos adaptam-se mais
facilmente à flutuações e mudanças econômicas, enquanto
países em desenvolvimento reagem a estas mudancas de modos
que podem ser literalmente catastróficos. Não querendo
dizer atraves do uso do termo "países em desenvolvimentos"
que estes países de "terceiro mundo" necessariamente tenham
que desenvolver esta identidade capitalista selvagem de
países de "primeiro mundo." Pois, no Brasil, em Porto
Alegre, por exemplo, com o desenvolvimento do orçamento
participativo—o processo democratico exemplar e' um modelo
para o mundo e para os países de "primeiro mundo"
(Rossatto, 2001). Demodos que esses termos necessitam ser
revisados.
De forma suscinta, o ponto central deste livro é que a
industrialização nestes países cuja transição para uma
economia globalizada e industrializada ainda não foi
efetuada completamente, é um luxo exclusivo de uma parcela
da população economicamente dominante, em contraste com a
exclusão da maioria de seus habitantes. Os autores afirmam
que a continuação da lógica do paradigma capitalista
somente sobrevive em detrimento e sacrificio do meio
ambiente, com a destruição e esterilização do trabalho e o
crescimento da exclusão global. Em outras palavras, a
globalização concentra e diminui empregos, através da
exclusão profissional na maior parte do mundo e através da
ampliação de modelos de desenvolvimento econômico e
cultural desiguais. Desta maneira, uma das propostas de
ação central dos autores é a formação de projetos anti-hegemônicos.
Se por um lado o sistema educacional favorece
a escolarização com o objetivo central da empregabilidade
ou do treinamento profissional, então novas demandas devem
favorecer uma educação que prepare a pessoa para enfrentar
situações contemporâneas, novas e imprevisíveis, além de
inserção em uma força de trabalho de natureza tecnologica e
em constante mudança. O raciocínio da hegemonia presente,
das políticas corporativistas neo-liberais, fomentam uma
força de trabalho limitada em suas possibilidades
funcionais. Nesta, somente a empregabilidade flexível
favorecida pela competência individual pode garantir o
sucesso das relações do mundo de trabalho. Infelizmente, os
ditames sócio-econômicos atuais da globalizacão da economia
negam à maioria da população mundial a chance de conquistar
formas de competência individual através da educação e de
oportunidades igualitárias. Neste sentido, a expressão
"mercado livre" (free market) é uma contradição, porque, na
realidade, o mercado nao é livre para todos, e sim uma
estrutura que privilegia alguns em posição de poder ou em
vantagens econômicas, perpetuando o acesso dos mesmos aos
meios de prosperidade econômica às custas dos meios de
outros.
Assim, de acordo com os autores, é necessário e
urgente o estabelecimento de um diálogo entre profissionais
competentes em várias áreas e em diferentes especialidades,
a fim de repensar as teorias da educação dentro de um
contexto mais abrangente, com visões e entendimentos de
perspectivas globais. O objetivo de uma pedagogia moderna
é um processo complexo de humanização, que visa assistir
o educando com qualidade, em sua trajetória. Educar, de
acordo com este livro, nada mais é do que humanizar, para
caminhar em direção à emancipação, à autonomia
responsável, à moralidade e à ética do sujeito. Se a
educação tecno-profissional promovida pelo neoliberalismo e
a globalização é desumanizante, então a teoria e a prática
pedagógica anti-hegemônica devem ajudar o educando a ser
mais humano.
Neste final de século, no Brasil, a educação aumentou
o acesso da clientela à escola, mas por outro lado, os
processos educativos propostos a metodologia pedagógica e
tornaram pior a qualidade da educação, espelhando seu
processo nos Estados Unidos, o qual se move
desenfreadamente em direção à padronização. Em outras
palavras, este processo tem aumentado a oferta educativa,
mas sistematicamente negado uma educação de qualidade.
Estas medidas tornaram possível a muitas pessoas completar
processos de escolarização e até mesmo obtenção de um
diploma universitário, mas, ao mesmo tempo, desvalorizaram
estes diplomas através do enfraquecimento da qualidade e do
conteúdo do processo educacional em nome da conveniência e
do pragmatismo. Este processo reduziu, então, a eficácia e
a empregabilidade da força de trabalho. A ideologia
subjacente se baseia em investimento no capital humano,
anunciando aos países em desenvolvimento a construção de
sua própria autonomia, e a garantia de melhores empregos e
maior produtividade à população; desta forma, o discurso
neo-liberal afirma que são dadas mais oportunidades para
uma ascendente mobilidade sócio-econômica para a população
de países em desenvolvimento. Assim, então, na atualidade,
a educação formal e a qualificação pessoal são tomadas como
elementos de vantagem competitiva da mão-de-obra
assalariada, da reestruturação produtiva e da
empregabilidade.
Antes de
qualquer análise, desejo enfatizar a
contribuição única e perspicaz deste livro.
Sem dúvida alguma, nunca houve tanta necessidade quanto na
atualidade de desenvolver análises críticas do
discurso neo liberal ou do empreendimento corporativo,
especialmente no contexto presente das corrupções e
escândalos envolvendo bilhões de dólares de
corporações (como nos casos Enrom e Worldcom nos
Estados Unidos), onde um grande número de pessoas foram
prejudicadas. O problema é complexo e sem
soluções fáceis. A recessão
americana tem forçado os investidores estrangeiros evitar
riscos no mercado da América Latina. Neste sentido, este
livro vem trazer uma nova luz ao entendimento de tal discurso e
suas conseqüências para a humanidade e omeio
ambiente. Oferece soluções alternativas na luta
contra o discurso neo-liberal pragmático e interesseiro,
que limita a educação ao treino,
padronização e desumanização. Para
países da América Latina e da América
Central, por exemplo, a globalização tem causado um
impacto na população muito maior do que o impacto
queseus cidadãos sofreram com a
colonização (Chomsky, 1999). O colapso
econômico da Argentina é uma
ilustração do que o país e seus
cidadãos ainda estão passando, em meio a uma crise
de tais dimensões. Em outros países, empresas
são forçadas a despedir centenas ou milhares de
funcionários, especialmente depois do ocorrido em 11 de
setembro, nos Estados Unidos, como conseqüências da
globalização da economia e da guerra ao terrorismo
mundial, o embrutecimento econômico passa a ser percebido,
então, como a única alternativa para o problema
enfrentado pela economia, ao invez de se repensar a
eliminação dos ditames do mercado.
O Brasil hoje
temacima de vinte por cento de desemprego e a
população é forçada a aceitar tal
realidade econômica e social. As massas são
alienadas e manipuladas a acreditar que aquelas são
realidades inqüestionáveis, quando a realidade do
poder corporativo está indo de éticas más
‘a inexistencia de qualquer ética. Com o
estabelecimento de acordos como oNAFTA, uma
conseqüência evidente é a pouca dificuldade
quegrupos dominantes encontram na
exploração das classes trabalhadoras. Há,
infelizmente, muita tolerância e pouca
contestação da ideologia capitalista
anti-democráticae neo-liberal. Desta forma, este
livro propõe a possibilidade de anti-hegemonias,
oportunizando a liberdade através da mudança de
realidades opressivas para realidades democráticas e
igualitárias. Acrescenta-se a este contexto o fato de que
os sujeitos ainda têm a opção de agir de
modos diversos ou contrários. No entanto se salienta aqui
o fato de que as estruturas ou paradigmas são as causas
centrais de forjamento opressão, da carência, da
desigualdade e da pobreza. Por causa destas estruturas e sendo
parte destas categorias não se constitui como resultado de
uma escolha do sujeito. E o poder do mercado ou das
corporações tem se tornado a força central
dominante de todos os empenhos sociais. Centenas de milhares de
pessoas se deslocam de lugares em lugares em busca de emprego,
seguindo o movimento de re-alocação das
indústrias, e, freqüentemente, as
corporações se movem para onde a produtividade e o
lucro podem ser explorados ao extremo, através da
máxima exploração do trabalho e do meio
ambiente. Elas se mudam para onde os sindicatos são
fracos e a cidadania menos organizada. Para onde os governos
fazem pouco para proteger o povo e o meio ambiente. Por outro
lado, o povo se encontra `a deriva e sob a clemência do
poder corporativo trans-nacional, e as políticas de
troca de favores e recursos repartidos coadunam com os interesses
e conveniência de tal poder corporativo (Chomsky, 1999.
Novas favelas são formadas, compondo aglomerados de
pessoas, e não comunidades bem planejadas. Milhares de
pessoas nestes conjuntos habitacionais são expostas a
degradantes condições de vida e de saúde.
Sem esquecer dos direitos humanos que todos nós devemos
defender, estes e outros aspectos se tornam
preocupações, não somente a nível
local mas tambem a nível global.
Um outro
aspecto que gostaria de ressaltar é a força que o
estado corporativo possui, exercendo influência
considerável na natureza humana e cultural. Comporta-se
como se fosse um agente todo poderoso ante o qual todos os seres
humanos devem render sua força de vontade, iniciativa,
poder e destino. Tem se transformado em entidade poderosa, que
nega às pessoas a habilidade de assegurar suas
crenças coletivas locais, objetivos e controle da
direção de seus negócios econômicos e
interesses. E a classe trabalhadora, por ser a menos
favorecida, se torna alvo fácil da
exploração dos sujeitos do capital de estado
trans-nacional. As classes menos favorecidas constituem a
maioria da população, com as pessoas mais
empobrecidas e à frente das linhas de montagem de
trabalho mecânico. Em outras palavras, este é o
impacto do empreendimento corporativo na cultura humana. O que a
globalização propõe é que o destino
humano seja subjugado aos interesses corporativos através
de um processo de treinamento para a automatização,
ao invés da educação, da cidadania, da
criatividade e do pensamento crítico;
gerações inteiras são induzidas a se
conformarem com uma escolarização dada e
padronizada. E, por último, tais
corporações não dedicam respeito
cívico aos países que visitam e
exploram.
Este livro
examina, assim, aspectos importantes e relevantes do capitalismo,
e apresenta também alguma discussão sobre o
patriarcalismo, dentro de um contexto paradigmático
neo-liberal em consonância com a
globalização. No entanto, este livro deixa de
analisar os aspectos raciais de índole excludente ou
includente.
Os autores examinam
perspectivas amplas que situam e explicam a historicidade social,
econômica e a realidade cultural, e como se conectam
‘a um sistema educacional desigual e excludente, entretanto
eles deixam de incorporar as consequências da hegemonia
branca. Os efeitos da branquitude nestes contextos são
pertinentes em tal análise ampla de estruturas
hegemônicas da educação e perspectivas da
força laboral. A branquitude é aqui definida de
acordo com os padrões, domínio e hegemonia racial
branca desde a época colonial até a atualidade,
onde a identidade branca é construídaem
privilégios que são negados a outros grupos
étnicos não brancos.
Por exemplo,
uma pergunta necessária e digna de questionamento
é: quem são os excluídos? Ditade
outra maneira, quem se beneficia com a globalização
e o neo-liberalismo? Estudos feitos no Brasil e nos Estados
Unidos asseguram que até mesmo entre pessoas
paupérrimas, as de pele mais escura são as mais
excluídas e subjugadas ‘a pobreza, em
comparação a uma maioria quase exclusivavamente
branca e em posições de privilégio, o que
revela uma necessidade vital de dirigir o olhar para como
são tratadas as desigualdades raciais segundo a
ótica do discurso marxista, e também dos discursos
da globalização da economia e da crise do trabalho
(Cunha, 1988).
De acordo
com Allen, (2001), o discurso marxista não se posiciona de
forma adequada ao abordar assuntos de ordem racial, porque a
maioria daqueles que se identificam como acadêmicos
marxistas são brancos. Segundo ele, há uma
necessidade de encontrar um equilíbrio entre o discurso
marxista e a nova teoria racial crítica (critical race
theory)--esta possui um foco maior na questão ou
totalidade racial, em vez de tratar as questões de classe
e de gênero como meras totalidades primordiais e
absulutas. Em outras palavras, algumas críticas marxistas
deixam muito a desejar quando se trata de “balancear”
discursos de classe, etnia e gênero, uma vez que se centram
fundamentalmente no problema da classe social. Etnia e
gênero passam despercebidas como categorias tão
opressoras quanto a questão de classe. Desta forma, uma
análise abrangente necessita incluir não somente a
variável classe social e sua relação com a
exclusão, como também as questões raciais e
de gênero.
O livro em
questão, apesar de escrito em 1998, discute realidades
extremamente atuais e nos mostra a pouca ou ausente
mudança social (e que a realidade presente nos oferece a
todo momento, como o episódio de 11 de Setembro). Como a
teoria racial crítica ainda necessita ampla
divulgação, entendemos que novas reflexões
estão por surgir. Por exemplo, como o Brasil foi um dos
últimos países da América
Latina‘a conceder liberdade aos escravos, a
disseminação da conscientização a
respeito da implementação da ação
afirmativa está apenas começando a se tornar uma
realidade, mesmo que nos Estados Unidos ela esteja vagarosamente
se apagando com os mais recentes flagelos da arrogante
dominação patriarcal da direita branca. Sem
esquecer a opinião de vários pesquisadores sobre o
capitalismo e a idéia de que ele tem sido global desde a
colonização européia, que trouxe consigo e
reinventoua idéia da branquitude, do
privilégio branco, ou, em outros termos, do racismo
internalizado. O capitalismo tem sido, ainda, a maior estrutura
hegemônica (tanto quanto o patriarcalismo), e sem
dúvida alguma, o imperialismo europeu e suas analogias
contemporâneas da globalização
econômica podem ser incluídos no que Allen, ( 2001)
denomina como globalização da supremacia branca.
Deste modo, a análise dos fracassos do capitalismo e das
crises do trabalho e da educação pode também
ser feita dentro deste contexto da globalização da
supremacia branca. De qualquer modo, o livro em questão
traz uma valiosa contribuição no que diz respeito
às questões da globalização da
economia, das armadilhas do capitalismo e do neo-liberalismo, das
relações entre globalização e crise
do trabalho, que figuram tão importantes quanto a
necessidade de eliminação das crenças
subjacentes à branquitude e ao patriarcalismo.
Referencias
Bibliograficas
Allen, R. L. (2001).
The globalization of white supremacy: Toward a critical
discourse on the racialization of the world. Educational
Theory. Fall, Vol. 51, number 4.
Chomsky, N. (1999).
Latin America: From colonization to globalization.
Australia: Ocean Press.
Cunha, L. A. (1988).
Educação, Estado e Democracia no
Brasil. [Education, State and Democracy in Brazil].
Sao Paulo: Tabela 1-5, PNAD, 1988.
Rossatto, C.A. (2001).
Social Transformative Pedagogies: Grass root and popular
schooling in Brazil. Childhood Education International
Journal. Fall.
Note
Agradecimentos especiais
‘a Paula Botelho pela edição de linguagem.
Paula Botelho e’ doutoranda do Programa "Language, Literacy
and Culture", University of Maryland, Baltimore County
(UMBC).
Sobre o Autor do
Livro
Gaudêncio Frigotto e Maria
Ciavatta, é professor do
Programa de Pós Graduação em
Educação da Universidade Federal
Fluminense.
A Respeito do
Resenhista
César Augusto
Rossatto é professor adjunto da Universidade do
Texas em El Paso (UTEP). Leciona cursos de pedagogia
crítica, multiculturalismo crítico, justiça
social, sociologia da educação, e fundamentos
sociais, históricos, e filosóficos. Ē
comprometido com a militância pela justiça social,
pelaeducação dialética e
dialógica, com o intuito de promover a praxis de
libertação dos grupos menos favorecidos.
Ētambém especializado na filosofia de Paulo
Freire, nas teorias temporais críticas, no contexto social
da educação, políticas organizacionais e
educação urbana. Ē também especialista
em estudos culturais comparativos dos Estados Unidos e da America
Latina, com foco maior na cultura brasileira. Seus
interesses de pesquisa incluem: Fronteiras estadounidense e
mexicana e suas relações com o contexto da
globalização e o neo-liberalismo;
formação das relações sociais e
identidade brasileira na Flórida, bem como suas
implicações no processo de
escolarização; os fenômenos do fatalismo e
dootimismo e suas relações com a
inserção em diferentes classes
sociais,aplicação da pedagogia
crítica; os efeitos da branquidão no Brasil
e nos Estados Unidos. Algumas de suas
publicações incluem:
Transformative
optimism: Engaging Paulo Freire’s pedagogy of
possibility. New York, NY:Peter Lang
Publishing, Inc, Forthcoming book.; The Freirean
legacy: Educating for social justice. Peter Lang
Publishing, Inc. 2002.; The whiteness experience in contrast
with racial conflicts: Studies of Brazilian and U.S. American
realities. This is a co-authored book chapter, which was
published in Brazil, São Paulo: Summus, 2001.
Reseñas Educativas/ Resenhas Educativas
publica reseñas de libros sobre educación, cubriendo
tanto trabajos académicos como practicas educativas.
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Editor para Español y Portugués
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Arizona State University
Editor General (inglés)
Gene V Glass
Arizona State University
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