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Rosa Maria Bueno Fischer. (2001). Televisão
e Educação: fruir e pensar a TV. Belo
Horizonte: Editora Autêntica.
158 páginas.
ISBN 85-7526-027-8
Resenhado por Gilka Girardello
Universidade Federal de Santa Catarina
Outubro 5, 2004
A televisão e a escola costumam ser colocadas em campos
adversários do debate social. Este livro nos ajuda a olhar a
questão por fora dessa “lógica de torcedor de
futebol”, com muito mais complexidade e ousadia
intelectual. O interesse da autora Rosa Maria Bueno Fischer
é pensar a televisão com o apoio das teorias
contemporâneas da subjetividade e da cultura. O que
interessa a ela é imaginar “possibilidades concretas
de análise que dêem conta da TV simultaneamente como
linguagem e como fato social” (p.17) Isso ela faz com
estilo e consistência, de modo que o livro, apesar de seu
despretensioso tamanho de bolso, já é leitura
obrigatória para os educadores interessados em trabalhar a
televisão na sala de aula.
A autora começa destacando a importância social e
política de se estudar a mídia, e especialmente a TV.
Ela presta atenção ao caso concreto da televisão
brasileira e às linhas de força que, passando por ela,
tecem a subjetividade do país inteiro. Afinal, como já
disse Eugênio Bucci, “se tirarem a TV, o Brasil
acaba” – referindo-se à centralidade do
imaginário televisivo para a identidade cultural do
país.
Um dos méritos do trabalho é justamente esse
enraizamento concreto no cotidiano brasileiro. Como exemplo do
quanto a prática em sala-de-aula pode desestabilizar tanto
alunos como professores, Rosa Fischer narra a incredulidade de um
grupo de estudantes de pedagogia gaúchas diante de algumas
críticas acadêmicas à rainha dos baixinhos:
“Isso aí eles inventaram”(...)“Professora,
será que não dá pra entender, nós nascemos e
já tinha a Xuxa na TV, a gente mamou vendo a Xuxa, se criou
diante da TV cantando e dançando com a Xuxa” (p.23). O
show do milhão de Sílvio Santos e o programa de
Jô Soares ilustram o conceito de espetacularização
da vida cotidiana; o Programa do Ratinho e os
reality-shows da TV Globo são citados como
cenários da publicização da vida privada que
confunde encenação e “realidade”. Salta aos
olhos o compromisso imediato da autora com o aqui-e-agora dos
educadores brasileiros, que não podem mais desconsiderar a
televisão, “esse meio de comunicação que se
tornou para nós, especialmente para nós,
brasileiros, absolutamente imprescindível, em termos de
lazer e informação.”(p.51-52)
A autora procura mostrar como é limitado investigar-se
apenas as supostas “influências” da mídia,
ou ir em busca de uma verdade que estaria escondida “por
trás” do que aparece na TV. Nesse sentido, seu
trabalho vai em direção oposta às propostas de
leitura crítica das mídias que levam em conta apenas os
conteúdos dos textos midiáticos. O trabalho está a
léguas, também, das abordagens marcadas por um
determinismo simplista, quer do tipo que celebra o advento de uma
nova espécie humana que seria fruto da tecnologia, quer do
tipo que lamenta a nova “idade das trevas” a que as
mídias estariam nos condenando. No olhar da autora sobre a
relação entre comunicação e
educação, o central é a cultura.
O conceito de cultura ancora-se aí na perspectiva ampla
que, a partir de Stuart Hall, abarca segundo a autora “o
conjunto complexo e diferenciado de significações
relativas aos vários setores da vida dos grupos
sociais”, como “as linguagens, a literatura, as
artes, o cinema, a TV, o sistema de crenças, a filosofia, os
sentidos dados às diferentes ações
humanas”(p.25). A definição é elástica
mas nem por isso vaga: “falar em cultura”, diz
Fischer, “implica em falar de um campo muito
específico, qual seja, o da produção
histórica e social de significações numa
determinada formação social.” (p.26)
Assim, mergulhar no estudo da novela das oito ou do
cinemão comercial é também mergulhar no estudo da
cultura, já que nesses materiais encontram-se, como aponta
Fischer, “fábulas que nos traduzem e que
simultaneamente nos produzem.”(p.26). A compreensão
das diferenças qualitativas – éticas,
estéticas – desses produtos entre si e em
relação aos cânones da tradição
artística e literária faz parte, justamente, dos
objetivos de uma educação atenta ao presente e à
experiência cotidiana das pessoas.
Tal tarefa de discriminação nada tem de
mecânica ou autoritária, porém. Não se trata
de fazermos das salas-de-aula tribunais que decidam, como se
fazia nos primórdios da televisão brasileira, que
discos (ou filmes, programas) serão destruídos em
praça pública por não se enquadrarem num
padrão de qualidade arbitrário e em geral elitista. O
que autora defende é um trabalho pedagógico que inclua,
além de uma detalhada reflexão sobre como as linguagens
da televisão são construídas, também
“uma franca abertura à fruição”. Nessa
dialética entre pensar e fruir a TV– destacada no
próprio título do livro – reside outra
contribuição importante do trabalho.
Quem “frui” a televisão é quem a
assiste. É comum que, em reuniões de professores para
discutir as mídias, surjam críticas à baixa
qualidade daquilo que os pais das crianças assistem em casa,
ou permitem que seus filhos assistam – críticas,
enfim, à falta de critérios para o consumo
midiático. O curioso é que muitas vezes esses mesmos
professores também passam boa parte de seu tempo assistindo
aos mesmos programas que condenam como “tolos”, ou
“irreais”. E não estamos falando aqui apenas de
professores de ensino fundamental, o que seria incorrer no mesmo
erro de projetar sobre o outro nossas próprias sombras, mas
de educadores em todos os níveis. Estamos falando, em suma,
de todos nós, cuja vida simbólica é
inevitavelmente marcada pela tensão entre prazer e
crítica, entre fruição e pensamento.
Rosa Maria Bueno Fischer nos lembra disso: investigar a
televisão, particularmente no Brasil onde ela tem tanta
força na construção do imaginário social,
significa investigar a nós mesmos, e a nossos humanos
processos de construção enquanto sujeitos.
A autora ilumina a investigação sobre televisão
e subjetividade com apoio em pensadores de primeira linha, a
começar por Foucault, referência importante também
em outros de seus trabalhos anteriores. Para discutir a mistura
entre o público e o privado tão característica da
dieta televisiva contemporânea, com suas tantas versões
de reality shows, a autora recorre a Hannah Arendt. A
filósofa alemã, lembra Fischer, ensinava que o termo
“privado” significava “um estado no qual o
indivíduo se privava de alguma coisa; no caso, entre os
gregos, aquele que não participava da esfera pública
estava ‘privado’ de algo absolutamente essencial e,
como tal, não podia considerar-se ‘inteiramente
humano’”(p.38). Numa interessante aplicação
do conceito à exibição da intimidade na TV e ao
correspondente voyeurismo da audiência, Fischer comenta:
Para Hannah Arendt, essa ampliação da esfera privada
não a transforma em pública, pelo contrário,
significa que a esfera pública refluiu e também que
estar na companhia uns dos outros parece ter perdido força,
ficamos cada vez mais “privados” de ver e ouvir
profundamente os outros, prisioneiros que somos de nossas
subjetividades. (p.38-39)
Mas, se não conseguimos ver bem os outros, Fischer parece
dizer que tampouco vemos direito a nós mesmos. Ela se
inspira em Júlia Kristeva, para quem a torrente de imagens
na cultura contemporânea provocaria um bloqueio em nossa
vida psíquica, dificultando a tarefa de nos
auto-representarmos. Para Fischer, talvez seja isso o que tanto
nos atraia na exposição da intimidade alheia na TV:
“A dificuldade de viver nossa privacidade, de ficar talvez
no silêncio de nós mesmos, nos impele para o
íntimo do outro, como se nele buscássemos o que
perdemos” (p.39). Se a psicanalista Kristeva recomenda que
o trabalho terapêutico estimule a imaginação, Rosa
Fischer diz que o mesmo deve ser feito, urgentemente, pela
educação: provocar as pessoas a imaginarem a si mesmas
e abrirem-se à imaginação em relação
“ao outro, aquele que é diferente de
nós”.
Ao defender o estudo dos “outros” através das
imagens de TV, a autora faz uma discussão sobre a
questão da diferença que é ao mesmo tempo
consistente e cristalina. Usando sempre exemplos familiares ao
telespectador brasileiro, ela pontua os conceitos
necessários à reflexão sobre o tema:
representação, enunciação,
interpretação, comunicação. De que modo a TV
mostra grupos sociais, como gays, negros, idosos,
mulheres, crianças marginalizadas? Como são nomeados os
sem-terra, os adolescentes de periferia? Até que ponto,
pergunta ainda a autora, grupos como esses são mostrados
pela TV como diferença a ser excluída, ou ao
contrário, reconhecida?
Se a “operação da mídia” é dar
nome às diferenças, a “operação do
educador” deve ser a de desnaturalizar esses nomes,
propõe ela. Ou, diríamos, balançar a fé cega
dos espectadores naquilo que vêem, instalar perguntas e
tensões sobre as imagens de pessoas, grupos e papéis
sociais cuja repetição vai se constituindo em efeito de
verdade.
Falar da imagem do outro é também falar da imagem do
corpo do outro. Entre os temas destacados pela autora está o
chamado da mídia a que transformemos o nosso corpo. Isso,
não apenas através da exibição dos
corpos-modelos que deveríamos imitar para sermos amados e
bem-sucedidos, mas também nos conselhos dos especialistas
–médicos, psicólogos, nutricionistas, gurus de
todos os tipos – que entram em nossa casa pela TV para
dizer “ o que devemos fazer com o nosso corpo e nossa
sexualidade” (p.50). Fischer lembra que essa
incorporação do discurso especializado pela mídia
acaba por conferir a ela um poder de verdade e seriedade.
O que podem os educadores fazer diante de tudo disso? A autora
resume: “apropriar-se desse meio, estudar suas
estratégias de endereçamento, de criação de
imagens e sons, compreender a complexa trama de
significações que aí estão em
jogo”.(p.51)
Como um exemplo de trabalho pedagógico, é sugerida a
comparação entre diferentes programas de TV,
vídeos e filmes, procurando investigar quais deles são
mais indutivos – os que dizem ao espectador o que ele deve
sentir, pensar, crer - e quais os que dão espaço à
ação criativa, à imaginação e ao
pensamento. Implícita na idéia está o
saudável e antiapocalíptico pressuposto de que a
televisão não é homogeneamente danosa à
imaginação e à inteligência, e sim um meio
atravessado pelas mesmas tensões e embates que caracterizam
a sociedade inteira. Daí a importância de um trabalho
pedagógico que, como o que é defendido no livro, aposte
na construção de critérios voltada ao aprendizado
de uma “cidadania cultural”.
Enquanto o primeiro capítulo do livro enfatiza a
importância social e política do tema, o segundo
(“As imagens e nosso olhar atento: com que linguagens opera
a TV?”) vai além da descrição dos aspectos
técnicos da linguagem audiovisual. A proposta aqui é a
de que uma pedagogia da imagem deveria ser capaz de instigar os
espectadores a produzir algo para além das imagens, a fazer
algo com elas ao invés de olhá-las desatentamente. Numa
bonita reflexão filosófica sobre o olhar, a partir de
Marilena Chaui, a autora fala da necessidade de um trabalho que
nos leve a “ultrapassar as chamadas evidências, a ir
além do que nos é dado ver de imediato”(p.55).
Fala-se aí, mais uma vez, da importância da
fruição das imagens, de um olhar que, na busca de ser
crítico, seja também poético (no sentido de um
fazer inventivo e criador contido na palavra poiesis).
A ênfase naquilo que o olhar “pode” –
no poder do olhar - e não em uma passividade supostamente
inevitável é central para o trabalho pedagógico
com as imagens. Com essa ênfase, mas sem abrir mão da
complexidade do tema, Fischer situa as características da
linguagem audiovisual, informa sobre a produção de
imagens na cultura, discute a relação entre palavra e
imagem na TV, e a relação entre os produtos e seus
públicos.
É particularmente rica a discussão sobre as
condições concretas de produção das imagens e
narrativas midiáticas, que a autora faz a partir de sua
própria experiência de muitos anos como jornalista e
criadora de programas de televisão. Escrever para a
tevê, como ela aprendeu, envolvia “dissertar
menos”, “narrar mais” e “era fundamental
mostrar”. Examinar o tema também a partir da
produção sem dúvida amplia e enriquece o estudo da
linguagem da televisão. Fischer está, também aqui,
em sintonia com os estudos de comunicação e cultura
contemporâneos que advogam a necessidade de se levar em
conta não apenas os textos, nem apenas o público que os
lê, mas todo o ciclo do processo comunicativo.
Quem sabe escrever numa linguagem lê melhor nela do que
quem só sabe ler. Por isso é tão importante
entendermos a relação entre mídia e
educação como algo maior do que sugere uma
compreensão limitada do que seria a “leitura
crítica” das mídias. Para aprender realmente a
ler, é preciso que as crianças possam também
experimentar suas possibilidades de escrever para as mídias,
em experiências de produção como as tantas que
acontecem hoje no Brasil, em escolas e projetos
comunitários: com fotos de latinha, jornais, vídeos,
internet. De uma forma original, o livro de Rosa Maria Bueno
Fischer chama atenção para isso.
No item “As relações entre discurso e
representação no estudo da TV”, a autora como que
cria uma janelinha hipertextual, abrindo para uma discussão
mais epistemológica. Sempre com limpidez, a autora
estabelece um diálogo entre o conceito de discurso em
Michel Foucault e o de representação em Stuart
Hall.
Fischer dá ao leitor o bônus de uma proposta de
roteiro para análise de produtos televisivos. Embora o
roteiro seja apresentado na forma de seis perguntas, não se
trata de um questionário fechado que possa ser
“aplicado” mecanicamente, mas, ao contrário, de
temas geradores amplos, acompanhados de uma discussão
teórica que os clarifica e amplia.
A pergunta número um é “Que tipo de programa
é esse?”, e envolve a discussão sobre tipos de
programas, gêneros, formatos. A autora tem claro quanto
são tênues as fronteiras nesse campo, mas destaca a
importância de elas serem discutidas, até porque as
categorias fazem parte da própria relação que o
público estabelece com os programas. E, como faz em todo o
livro, a autora aponta caminhos para o aprofundamento da
discussão em sólidas notas de rodapé.
A segunda pergunta refere-se às formas como o produto
midiático procura chegar ao público: “quais os
objetivos desse artefato? Quais suas estratégias de
veiculação? A quem se endereça?” A autora
remete às questões desenvolvidas por Elizabeth
Ellsworth, que sugere perguntarmos, diante dos textos
televisivos: “quem este programa pensa que você
é?” e “quem este programa quer que você
seja?” (p. 97)
A terceira questão (“Qual a estrutura básica
do programa?”) procura instigar a reflexão sobre
formas narrativas e estratégias sintáticas de
construção da linguagem.
A quarta pergunta (“Afinal, de que trata este programa?
Quem fala e de que lugar?”) provoca o levantamento dos
temas em pauta em cada programa, ligados à escolha das
pessoas que vão apresentá-los. A quinta questão
é: “com que linguagens se faz este produto?”,
onde a discussão teórica sobre um grande leque de
aspectos de linguagem do texto televisivo se revela
particularmente inpiradora ao trabalho com as mídias em sala
de aula.
A última pergunta amarra mais amplamente a
comunicação e a educação: “que
relações fazer entre esse artefato da mídia e
outros problemas, teorias ou temáticas de interesse para a
educação?” A cada linha é sugerida uma
abordagem, uma proposta de atividade, a idéia para um
projeto. Cada sugestão abre um leque de
provocações sobre nossa sociedade, sua dimensão
cultural, as lutas políticas e simbólicas que nela se
travam. Mergulhar no universo do estudo desse objeto, a
televisão é, como diz Rosa Maria Bueno Fischer,
“participar de uma investigação permanente sobre
nós mesmos, nossa cultura, as relações de poder em
nossa sociedade, os modos de construir sujeitos e de interpelar
indivíduos e grupos sociais.”
O livro se completa com um capítulo muito útil,
escrito por Sylvia Magaldi, sobre a TV como objeto de estudo na
educação. Baseado na experiência prática da
autora com projetos de ensino que incluem televisão e
oficinas de educação para e com a TV,
esse capítulo traz referências de filmes, vídeos e
outros materiais, junto com uma série de temas a serem
trabalhados em oficinas de educação para a
televisão com professores. A grande riqueza desta
seção está nas indicações de vídeos
a serem exibidos, a maioria deles fáceis de conseguir, e na
adequação entre a discussão conceitual feita
anteriormente no livro e a experiência concreta de Magaldi
nas oficinas para professores.
A lista de livros e sites interessantes feita por Fischer, ao
final, exemplifica bem as características gerais do
trabalho: rigor investigativo, generosidade intelectual, e uma
atenção aos detalhes do presente brasileiro, em que a
educação e a televisão – e particularmente a
educação para a televisão - são temas dos
mais cruciais.
Acerca da autora do livro
Rosa Maria Bueno Fischer é professora da
Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS), Brasil. É doutora em Ciências
Humanas e Educação, pesquisadora do CNPq -- Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.
Orienta investigações de mestrado e doutorado no
Programa de Pós-Graduação em Educação da
UFRGS. Seus estudos articulam as relações entre
educação, arte, mídia e modos de
subjetivação na cultura. Tem se dedicado
particularmente a estudos sobre mídia e juventude. Além
do livro "Televisão & Educação", escreveu "O
mito na sala de jantar" (Porto Alegre: Editora Movimento, 1993,
2a. edição), que trata das narrativas televisivas e
das mitologias de nosso tempo, analisadas sob o ponto de vista de
crianças e adolescentes de escolas públicas do Rio de
Janeiro.
Acerca da resenhadora
Gilka Girardello
Professora do Pós-Graduação em
Educação da UFSC, jornalista e doutora em
Comunicação, pesquisadora da relação
Mídia, Cultura e Infância, publicou, netre outros, os
artigos "Aqui" e "Lá": crianças do ' 'fim-do-mundo' e o
mundo pela TV" (2000),"Televisão e Imaginação
Infantil" (2001) "A Pesquisa de Recepção com
Crianças: Comunicação, Cultura e Cotidiano"
(2002), ), "Voz, Presença, Imaginação: a
narração de histórias para crianças pequenas"
(2003) e o livro "Baús e chaves da narração de
histórias (2004). É co-editora do site "Ateliê da
Aurora", de pesquisa e crítica sobre a infância e as
mídias (www.aurora.ufsc.br)
Reseñas Educativas/ Resenhas Educativas
publica reseñas de libros sobre educación, cubriendo
tanto trabajos académicos como practicas educativas.
Todas las informaciones son evaluadas por los editores:
Editor para Español y Portugués
Gustavo E. Fischman
Arizona State University
Editor General (inglés)
Gene V Glass
Arizona State University
Reseñas Educativas es firmante de la Budapest Open Access Initiative.
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