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Evangelista, Francisco; Gomes, Paulo de Tarso (Orgs.). (2003).
Educação para o Pensar. Campinas: Editora
Alínea.
211 pp.
ISBN 85-7516-067-2
Resenha por Walter Omar Kohan
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
14 de Junho de 2004
O livro contém dezoito trabalhos apresentados nos
Encontros de “Educação para o Pensar” que
foram celebrados, na Unidade Campinas do Centro
Universitário Salesiano de São Paulo, desde 1997
até presumivelmente 2002 (o livro não o explicita
claramente). Ele apresenta uma diversidade de temáticas e
linhas teóricas que confluem na proposta de
“Educação para o pensar” que tem como
referencial teórico principal o filósofo estadunidense
Matthew Lipman.
Pelo menos três capítulos, que parecem ter inspirado
o título dos Encontros e, conseqüentemente, o do livro,
se concentram em apresentar o programa “filosofia para
crianças” de sua autoria. No capítulo 1
(“Filosofia para crianças – Educação
para o pensar”), Marcos Lorieri, uma das pessoas mais
seriamente envolvidas no trabalho com o programa de filosofia
para crianças no Brasil, faz uma
apresentação dos objetivos do programa, com ênfase
nas habilidades cognitivas (de investigação, de
raciocínio, de formação de conceitos e de
tradução) que ele desenvolve. Trata-se de um texto
descritivo e convidativo a experimentar as bondades da proposta.
No capítulo 10 (“Filosofia Viva... Encharcada na
Vida”), Sílvio Wonsovicz apresenta os objetivos e
desafios filosóficos de um tal programa de
educação para o pensar nos dias de hoje. Propõe,
como estratégias, “formar cidadãos críticos,
criativos e ponderados” e “aprender a aprender”
e conclui apresentando as qualidades de um líder que ele
mesmo diz ser “nesse tempo da filosofia com crianças
no Brasil” (p. 110). Finalmente, no capítulo 11
(“A educação para o pensar de Matthew
Lipman”) Francisco Evangelista se concentra em mostrar os
princípios metodológicos do programa filosofia para
crianças, que descreve em oito passos (p. 115-6). Da
atenção, também, aos momentos da
formação de professores e monitores que trabalham com o
programa. Em seu conjunto, estes três capítulos
têm a finalidade de apresentar, exibir, e ilustrar os
princípios, métodos e objetivos de “a
educação para o pensar”.
Outros dois capítulos exploram o ensino de filosofia ao
nível médio. No capítulo 5 (“Ensino de
Filosofia na Educação Média: em Torno da
Questão Valorativa”), Sílvio Gallo contextualiza
a presença e ausência da disciplina
‘filosofia’ nos currículos de ensino médio
do Brasil e discute o sentido que o ensino de filosofia em
nível médio poderia ter atualmente neste país.
Gallo destaca, como sentido principal da presença da
filosofia, sua contribuição para que os jovens
exerçam a cidadania de forma ativa e percebam a
dimensão valorativa de suas vidas: isto significa que se
percebam a si próprios como pessoas que criam e constroem
valores significativos para eles e para as suas comunidades. No
capítulo 13 (“A filosofia no novo ensino médio:
uma presença inócua?”), Dalton José Alves
discorre sobre a situação legal ambígua da
filosofia no nível médio atual: embora a LDB considera
que os jovens deverão ao concluir o ensino médio
dominar “os conhecimentos de filosofia e sociologia
necessários para o exercício da cidadania” (LDB
9394/96, art. 36; par. 1; inc. 3), a presença da filosofia
nos currículos de ensino médio não está
garantida e o autor chama a lutar pela inclusão da filosofia
como disciplina obrigatória.
Outros seis capítulos estudam implicações
sociais, éticas e políticas da educação, de
alguma forma conectadas com estes capítulos que acabamos de
sintetizar. O capítulo 14, “Pensando a Ética e a
Educação”, de Cássio Donizete Marques,
aponta para a dimensão valorativa já sinalizada por
Sílvio Gallo. O autor parte do princípio de que a
ética é o critério fundamental da ação
humana. Marques aborda a relação entre ética e
educação de duas formas: a) a ética como
ciência que surge da educação; b) a ética
como reflexão sobre a prática educacional. Na sua
última parte, “Ética e educação na obra
Luísa”, o autor apresenta os princípios
que conformam a dimensão ética da comunidade de
investigação proposta por Lipman.
Os outros cinco capítulos desta temática não
fazem qualquer referência ao ensino de filosofia ou a uma
“educação para o pensar”, temática
central do livro. No capítulo 3 (“A
construção de um Projeto Político
Pedagógico”), Maria Márcia Sigrist Malavazi
destaca alguns princípios na construção de um
projeto político pedagógico na escola: a utopia, o
planejamento participativo, o aluno como centro, o trabalho
coletivo, a coerência nos princípios e objetivos
norteadores, a metodologia dos temas geradores, a
auto-avaliação do aluno e do professor e a
apresentação de conteúdos significativos. No
capítulo 7 (“Educação Social e Utopias na
América Latina”), Gabriel L. Santiago apresenta
diversas forma de entender o conceito de utopia e defende a
alternativa utópica da educação popular. No
capítulo 9 (“Educação e Cidadania”),
Lídia Maria Rodrigo contrapõe uma visão burguesa e
conservadora da cidadania (que supõe um cidadão
passivo, com direitos e deveres pré-constituídos, no
marco do poder jurídico constituído) a uma nova
visão de cidadania contida na luta dos movimentos sociais
contemporâneos. Neles, a cidadania não é algo que
se outorga mas algo que se conquista. Esta noção de
cidadania rompe a idéia tradicional de que a cidadania se
constitui na relação de um indivíduo com o Estado
“para promover sua articulação no âmbito da
própria sociedade civil” (p. 100). Este “novo
sentido” de educar para a cidadania parte da luta de
classes como princípio e tem como objetivo instaurar a
igualdade a partir de lutas concretas. Por sua vez, no
capítulo 18 (“Estatuto da Criança e do
Adolescente”), Ramón Llonguera Arola, Sueli Maria
Pessagno Caro e Wilson Roberto Aparecido Montevechi analisam a
implantação da doutrina de proteção integral
da infância no Brasil, desde a década de setenta
até o Estatuto da Criança e do Adolescente, sancionado
em lei em julho de 1990. O texto analisa algumas noções
envolvidas numa tal doutrina de proteção integral,
particularmente as noções de família, escola e
comunidade. Finalmente, o capítulo 17, “Família
& Escola: “Mamãe, a Professora Quer Falar com
Você. Eu Não Fiz Nada “”, de Tânia
Mara Tavares da Silva, traz uma análise das abordagens sobre
a instituição familiar, com particular interesse no
marco teórico dado por teóricos da história das
mentalidades e por análises antropológicas. A autora
analisa as causas dos ruídos na relação entre a
instituição escolar e a instituição familiar
e apela para que a escola busque e encontre a família real,
em virtude de processo histórico que a faz mudar
constantemente. Em palavras da autora: “Há que se
compreender que a pluralidade da organização familiar,
que existiu também no passado, é hoje uma realidade
cada vez mais preponderante na medida em que hoje não temos
nem mais um modelo ideal que deveria ser seguido (p. 197).
Outros dois capítulos enfatizam o papel fundamental que a
filosofia tem na formação das pessoas. No Capítulo
2, Filosofia e Formação Humana: A Criança”,
Régis de Morais define três tipos possíveis de
interação do ser humano com o mundo, baseadas cada uma
delas em nível biológico: a) interação
passiva (marcada por reduzidíssima atividade do cérebro
criativo); b) interação reflexivo-ordenadora (ainda
desprovida de tais manifestações); c)
interação reflexivo-criadora (baseada na capacidade
interpretativa e inovadora do cérebro criativo). A filosofia
– “elemento básico de construção de
sentido, de articulação cultural do saber” (p.
31) - desempenha um papel vital para que uma tal
interação reflexivo-criativa possa ter lugar, tanto na
formação dos professores quanto no desenvolvimento da
criança. Em “A importância da Filosofia na
Formação das Crianças e Adolescentes”
(Capítulo 4), Antônio J. Severino oferece um leque de
sentidos para justificar a presença da filosofia nos
níveis fundamental e médio de ensino. Diante de um
mundo em crescente barbarização, segundo Severino, a
única saída é “o conhecimento fecundando a
ação” (p. 44) e a educação está
chamada a consumar esse vínculo. Frente às alternativas
da religião, da ideologia política e da afetividade,
Severino defende que cabe à filosofia oferecer sentidos
à existência humana. De forma análoga, o
ensinamento de uma doutrina religiosa ou de uma ideologia
política é incompatível com a liberdade que
supõe a dignidade humana: o lugar da formação
religiosa das crianças e dos jovens é a comunidade
familiar ou eclesial, mas não a escola; o da
formação política, o partido (p. 49); o cultivo da
afetividade, importante e necessário, carece de
significação se o educando não compreende o
sentido das suas emoções. Por estas razões,
Severino coincide com Régis de Morais: a filosofia e os
conhecimentos filosóficos se tornam insubstituíveis na
formação das crianças e jovens.
No capítulo 12, “Lipman e Vygotsky: Educando o
Pensamento por Meio da Fala Razoável”, Paulo de Tarso
Gomes apresenta Lipman mais como um estrategista do que como um
teórico da educação, mais um professor do que um
filósofo da educação. Figuras fundamentais para
este professor estrategista são Sócrates e Vygotsky. O
primeiro, na medida em que Lipman é um neo-socrático,
alguém que aposta no diálogo com as pessoas, que busca
“fazer pensar” as pessoas e que, como seu mestre, e
acusado de “doutrinador neoliberal, manipulador de mentes,
falsificador ou barateador da grande filosofia” (p. 131).
Segundo Gomes, Lipman descobre em Vygotsky a construção
social da mente e a sua comunidade de investigação
não é senão “uma estratégia de
implantação de uma zona de desenvolvimento proximal
discursiva, em que ao mesmo tempo que se raciocina, o
raciocínio não é solitário nem autodidata;
não há o aluno universal; há apenas o colega com
quem se discutem os sentidos das coisas” (p. 130). Afinal,
o saldo é muito positivo: se não se pode dizer que
Lipman seja um revolucionário também não pode
negar-se que a estratégia de expressividade do significado
social do pensamento que ele promove é a pedra fundamental
de uma educação que se entende democrática.
Dois capítulos fazem considerações de ordem
meta-filosófico sobre o ensino de filosofia. Em
“Adorno, Rorty e o Ensino da Filosofia”, Paulo
Ghirardelli Jr. defende a tese de que a diferença entre o
professor de filosofia e o filósofo é que o primeiro
não pode errar, embora fatalmente errará, e o segundo
deve errar (p. 65). Com isto quer dizer que o que o professor de
filosofia deve ensinar é uma leitura consensual de um
filósofo enquanto que um filósofo sempre lê outro
filósofo no dissenso. No que um filósofo erra é em
não repetir a leitura mas ou menos consensuada da comunidade
filosófica a respeito de algum filósofo. Com base em
Adorno e Rorty, Ghirardelli afirma que o amor está na base
do ensino de filosofia: “Amor, par ambos, Rorty e Adorno,
é uma coisa só: manter-se aberto, com todos os poros,
todos os sentidos, todos os sentimentos para o discurso alheio,
livre e de maneira plural.” (p. 70). Assim, esse amor
condensaria o paradoxo do bom professor de filosofia: ensinar o
consenso para provocar o dissenso. No capítulo 15,
“Apontamentos em torno de uma Experiência com o Ensino
de Filosofia”, Américo Grisotto narra uma
experiência de ensino de filosofia com alunos de ensino
fundamental e médio em escola particular. Grisotto descreve
o objetivo principal (“estimular o aluno a escrever e falar
sobre questões centrais na sua forma de perceber o
mundo”, o que foi deixando mais espaço para a forma do
aluno “se perceber no mundo”) e a metodologia
(textos escritos pelo autor seguidos de roteiro de perguntas e
discussão, o que foi se tornando menos abstrato e mais
concreto sucessivamente) desta experiência. O texto inclui
conclusões filosóficas e pedagógicas do autor a
partir desta experiência.
Um tom dissonante oferece o capítulo 8, “Escola,
Infância e vicissitudes da Modernidade”. Ali, Leandro
de Lajonquiere apresenta um texto que polemiza com a tônica
dominante de muitos dos capítulos deste livro. O autor
apresenta o conceito de ilusão (psico) pedagógica que,
segundo denuncia, “sonha o ato de educar no registro de
conaturalidade psicológica, na qual a intervenção
dos adultos, a legalidade escolar, desprovida de toda
arbitrariedade, “faz relação” com a
capacidade moral natural das crianças de exercitarem a
ética em relação ao próximo”. O autor
afirma que os PCN compartilham esta ilusão e não
percebem o caráter modernamente arbitrário da
imbricação escola – infância , e do estatuto
psíquico da mesma para a criança. Mas não apenas
os PCN podem ser interpelados. Qualquer leitor desta resenha
poderá perceber em que medida as idéias principais
deste capítulo interpelam boa parte dos outros
capítulos deste mesmo livro e, inclusive, à
própria filosofia para crianças. Em que medida,
poderíamos perguntar, com Lajonquiere, o programa de Lipman
não faz parte dessa mesma ilusão (psico)
pedagógica?
Esta descrição sumária dos conteúdos do
livro deve permitir apreciar ao leitor o caráter
eclético do livro. Como quase toda antologia, o nível
dos textos é irregular e muitos deles sequer parecem
justificar sua inclusão num mesmo livro, com a temática
de educação para o pensar. Neste sentido, a
interlocução entre os textos fica mais por conta do que
eventualmente faça o leitor do que o que efetivamente tenham
podido fazer os autores. Porém, se a avaliação de
um livro depende menos do que ele mesmo realiza do que ele
promove; se ela dá lugar ao que o livro permite ler e
pensar, aos caminhos que ele abre aos seus leitores e às
oportunidades de encontros que propicia, este livro pode inspirar
mais de um encontro e mais de um pensamento.
O campo da “educação para o pensar”
é um espaço aberto e controverso. A própria
denominação “educação para o
pensar” o é: o que parece uma entificação do
pensamento e sua situação como objetivo, como algo a
ser alcançado, são muito problemáticas. E muito
mais o é o modo em Lipman responde a pergunta “o que
significa pensar?”, sua hierarquização do pensar
em pensar com níveis (de ordem superior e ordinário,
alto nível e baixo nível e outros semelhantes), sua
concepção do pensar em habilidades, bem como seu
pressuposto de que seja possível ensinar a pensar, de que o
pensar é algo que se outorga, que se passa de alguém
para outro. Trata-se de questões que têm
repercussões políticas, filosóficas, educacionais
que precisam ser discutidas e debatidas e um livro como este pode
ajudar a pensar algumas dessas perguntas.
Em outros trabalhos temos sintetizado o que consideramos os
principais desafios dessa tarefa (cf. por exemplo, Kohan, 2000,
p. 119 ss.), que pensamos sob três eixos norteadores:
desafios filosóficos, metodológicos e
político-institucionais. Os primeiros dizem respeito à
necessidade de pensar, basicamente, três perguntas:
“Por que filosofia?”, “O que é a
filosofia?” e “¿Para que filosofia para
crianças?”. Os segundos estão dados pela
motivação de pensar outras três perguntas:
“o que é um bom professor?”, “O que
significa aprender?” e “Como ensinar a
filosofar?”. Os terceiros, pelo interesse em pensar, pelo
menos, outras três perguntas: “qual o sentido de
praticar filosofia com crianças nas escolas brasileiras de
hoje?”, “Qual o papel de filosofia para
crianças no sistema educacional brasileiro?” e
“Quais as estratégias políticas mais adequadas
para tal função?”.
O que consideramos que não ajuda a este debate é o
tipo de posição “Lipman sim” ou
“Lipman não”. É a postura de filósofos
e outros acadêmicos que desqualificam a idéia sem
sequer considerá-la, só pelo nome ou pela origem.
Há também os que com semelhante falta de
vocação filosófica a abraçam como se fosse
uma panacéia pedagógica ou mais um entre os produtos
que o mercado tem hoje para oferecer à escola. Uns e outros
não contribuem muito para sua exploração
filosófica. Em filosofia, a questão central é
pensar, com ou contra, mas com ênfase na produtividade das
idéias e não na sua suposta moralidade. Estas
últimas posturas imobilizam a crítica,
coração da filosofia. Trata-se antes de explorar
pressuposições, analisar o que é considerado
evidente e porque é assim considerado, avaliar
possíveis conseqüências e formas alternativas
às afirmadas, estimar os compromissos políticos
explícitos e implícitos, enfim, pensar os “por
quê”, os “para quê” e os
“como”.
Educação para o Pensar consegue, pelo menos
em muitos capítulos, fugir deste pseudodebate dos a favor e
dos contra a filosofia para crianças e se colocar algumas
dessas perguntas que permitem problematizar a idéia de
Lipman. No fundo, se trata de uma idéia: reunir a filosofia
com as crianças. O que interessa é o que pode render
essa idéia, filosófica, política e
educacionalmente. É claro que Lipman não apenas aportou
esta idéia, também a institucionalizou e hoje a
idéia se pratica no mundo todo, Brasil inclusive. Importa
fazer uma avaliação dessa
institucionalização, desse movimento.
Educação para o Pensar não dá muitos
elementos para isso. Também não é seu objetivo.
Mas se se trata de pensar a idéia originária de Lipman,
sem cair no reducionismo do “a favor ou do contra”,
então a Educação para o pensar merece
atenção e, talvez, nos ajude a pensar no que a
própria educação para o pensar não pensa nem
ajuda a pensar.
Refêrencias
Kohan, Walter (2000). Filosofia par Crianças. Rio
de Janeiro: DP&A, 2000.
Lipman, Matthew (2001). Philosophy for children: Some
Assumptions and Implications. Ethik und
Sozialwissenschaften, 12/4, 405-417.
Acerca dos autores do livro
Francisco Evangelista é Mestre em
Educação pela PUC-Campinas. Professor do Centro
Universitário Salesiano e São Paulo&3151;Unidade
Campinas.
Paulo de Tarso Gomes é Doutor em
Educação pela UNICAMP. Professor e Coordenador do
Mestrado do Centro Universitário Salesiano de São Paulo
- Unidade Americana.
Acerca do autor da resenha
Walter Omar Kohan é professor titular de filosofia
da educação da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro. Áreas de interesse: filosofia da
educação, ensino de filosofia, filosofia antiga,
filosofia política. E-mail: walterk@uerj.br
Reseñas Educativas/ Resenhas Educativas
publica reseñas de libros sobre educación, cubriendo
tanto trabajos académicos como practicas educativas.
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